O
Primeiro Comando da Capital (PCC) estaria pagando até R$ 1.500,00 pelo
assassinato de um militar. No Acre, maioria dos homens da Polícia Militar, que
atuam nas ruas ou nas perigosas missões da captura de bandidos, está
aterrorizada.
De
acordo com um policial militar que não quis se identificar por motivos de
segurança, há líderes do PCC instalados no estado, cuja missão principal é
assassinar policiais que trabalham, principalmente, no enfrentamento ao tráfico
de drogas. “O preço que os chefões pagam por um militar morto varia de R$
600,00 a R$ 1.500,00”, informa.
E
acrescenta: “Quando saiu a matéria de que a Polícia Civil teria prendido 39
integrantes da facção criminosa PCC, na verdade, só foram presos os ‘soldados’,
como eles chamam os que são recrutados; os cabeças, os mandantes, ainda estão
por aí, planejando e aplicando os mais diversos crimes. Como acham que evoluiu
o crime em nossa cidade?”, questiona.
Atualmente,
no Estado, ainda segundo a denúncia, a PM passa um problema grave que é a falta
de contingente e valorização já que, todo ano o número de policiais que entram
na reserva é superior aos que são contratados, através de concursos, pela
Polícia Militar.
Os
policiais militares também estariam desmotivados e desvalorizados após o fim
das promoções e condecorações que recebiam por serviços prestados. E o pior:
eles recebem pouco mais de R$ 200,00 por risco de vida.
Integrantes
do PCC que já estariam no Acre ameaçam policiais que atuam, principalmente,
contra o tráfico de drogas
“Hoje,
tiraram os prêmios por bravura, desmotivando a tropa. Hoje, a vida do soldado
tem mais valor para o crime organizado do que para a instituição; quando nos
pagam R$ 200,00 de risco de vida, o PCC paga R$ 1.500,00 para nos matarem. Esse
é um dos motivos por que muitos policiais se corrompem e a sociedade não fica
sabendo o motivo. É certo que muitos policiais andam se escondendo, mudando
suas rotinas, pois, em vez de caçadores de criminosos, estão sendo caçados”,
declara.
Ele
diz que outro grave problema que tem afetado a Polícia Militar é o desfalque
nas guarnições, provocado pela retirada de alguns policiais, destinados ao
policiamento municipal.
“De
cada batalhão, entre dois e cinco policiais foram destinados à prefeitura ou a
outras instituições governamentais, deixando uma lacuna. Ou seja, alguns postos
policiais deixaram de funcionar por conta destes desfalques; reflexo disto foi
o fechamento do box do Tancredo Neves”, lembra.
Falta
de condições para trabalhar e politicagem dentro da corporação
O
policial militar, que a reportagem chamará de Marcos (nome fictício, pois ele
não quer ter o nome revelado), tem 22 anos e pretende abandonar a carreira na
Polícia Militar tão logo seja aprovado em outro concurso público.
As
razões da desmotivação com a carreira policial, de acordo com ele, trata-se de
um trabalho difícil de ser executado, sem as condições necessárias adequadas, e
pelo excesso de ‘politicagem’ dentro da corporação, como define.
“Você
sabe que não sou a melhor pessoa para falar sobre isso, tendo em vista que sou
apenas uma gotícula dentro desse imenso universo político que é a Polícia
Militar. Não quero ser prejudicado ou mandado para Santa Rosa do Purus”, diz.
De
acordo com o jovem policial que pretende ingressar na faculdade de Direito
visando uma nova profissão, não há condições de trabalho para os soldados.
Policial
'abatido' pelo PPC (Foto enviada por militares do Acre)
“Sei
que a Polícia Militar não paga em dias a empresa que aluga os carros e por isso
tem muitos problemas que não são resolvidos, tipo ar condicionado de viatura,
pneus carecas, entre outros”, diz.
A
respeito da suposta defasagem policial nos batalhões, o policial diz que isto
acontece pelo grande número de integrantes da corporação, que são colocados à
disposição de outros órgãos. “Esses policiais são os “peixes”, aqueles que
ficam ‘à disposição’ de autoridades”, diz.
Com
relação ao fato da Polícia Militar ser a 4° maior corporação do Brasil, Marcos
diz que a mesma não pode ser considerada assim, pois está defasada.
“A
Polícia Militar pode até ser a quarta corporação do Brasil, entretanto, não
estão contando com policiais de férias, de atestado médico, dos que estão se
aposentando, dos que morrem em ocorrências ou em decorrência delas, dos em
licença, à disposição do gabinete do governador, do Tribunal de Justiça, da
prefeitura e de tantos outros órgãos públicos, que sugam somente os
"peixes", aqueles que não estão tirando serviço de rádio
patrulhamento, ou "serviço de rua", vamos dizer assim. Quando se
trata da Polícia Militar, temos que ser bastante cautelosos”, declarou.
Com
relação à política partidária, que segundo ele, permeia as promoções para
oficiais dentro da PM, o policial afirma que este é um dos principais motivos
para pensar em outra profissão.
“Com
certeza, meu sonho nunca foi ser policial militar. Sempre foi fazer a faculdade
de Direito, mas, por motivo de força maior ainda não consegui. Quero fazer um
concurso melhor, tipo Polícia Rodoviária Federal, Polícia Federal ou no próprio
Judiciário. Acredito que eu não teria coragem de fazer o concurso de oficiais
da PM para seguir a carreira, tendo em vista que se quisesse ser promovido
depois do posto de 1° Tenente, eu teria que "puxar saco" do
governador. Isso não me engrandece em nada”, diz.
Defasagem
nos quadros prejudica trabalho, diz tesoureiro
Para o
tesoureiro da Associação dos Militares do Estado do Acre, AME/Acre, Joélson
Dias, a defasagem militar pode chegar a 1/3 nos quadros policiais da PM.
Ele
diz que, além dos policiais que ficam à disposição de outros órgãos, há também
o elevado número dos que chegam à idade de se aposentar.
A
respeito do enfrentamento ao suposto braço do PCC no Acre, o sargento Dias
afirma que existem comentários, mas que ele desconhece o assunto, oficialmente.
Ele
diz, no entanto, que no caso de se confirmar algo deste tipo, os policiais do
Acre não estariam em condições de enfrentar o crime organizado.
“Os
policiais são bem treinados e aplicados, mas a própria estrutura da PM não
oferece condições, tanto é que você vê por aí policiais empurrando viaturas”,
diz.
De
acordo com os dados do comando da Polícia Militar, a instituição é a quarta
maior corporação do Brasil: a média no Acre é de um policial para cada 283 habitantes
enquanto que a nível nacional é de 472 habitantes.
"Não
há defasagem nos batalhões", garante comandante do policiamento
operacional
O
comandante do policiamento operacional, coronel Mário Cezar, nega que os
batalhões estejam em defasagem por conta da saída de alguns militares para
servir a outros órgãos. Ele diz que o que existe são permutas.
“Sempre
que tiramos 10 policiais, imediatamente colocamos outros 10 nos lugares
daqueles que saíram. Não há defasagem, de forma alguma”, nega.
A
respeito da suposta intimidação que os policiais militares estariam sentindo
face ao aumento do tráfico de drogas na capital, o comandante acredita não ser
uma informação procedente.
Ele
afirma que o enfrentamento ao tráfico de drogas não deve ser um trabalho
meramente ostensivo, mas também de inteligência.
O
Primeiro Comando da Capital (PCC) é uma das facções criminosas mais perigosas e
estruturadas que existe no Brasil
Faltam
policiais militares em áreas de fronteira
De
acordo com texto publicado no dia 21 deste mês, no blog oficial da AME/Acre,
está faltando policiais militares em Assis Brasil, fronteira com Iñapari (Peru)
e San Pedro de Bolpebra (Bolívia).
Segundo
a matéria, em Assis Brasil há apenas 15 policiais militares, sendo que nove
estão desempenhando trabalho no rádio patrulhamento, quatro estão no quartel e
dois na administração.
Ainda
de acordo com informações do blog, somente no mês de janeiro de 2013 foram
transferidos três policiais de Assis Brasil para Rio Branco e Xapuri, sem que
houvesse a chamada permuta, que permitirá, via de regra, que outros militares
fossem mandados para Assis Brasil.
”Isso
ocorreu devido ao apadrinhamento político e de alguns coronéis”, diz o texto.
As
informações do blog dizem, ainda, que na delegacia de Assis Brasil o efetivo é
bem menor, haja vista que a mesma está interditada, sem receber presos. Se a PM
tiver que prender alguém, terá que conduzir a pessoa até Brasileia.
Vale
ressaltar que Assis Brasil é considerada área de fronteira e, portanto,
bastante visada para o mercado do tráfico de drogas.
O
comandante da Polícia Militar do Acre, José dos Reis Anastácio, nega defasagem
no efetivo e diz desconhecer que os policiais militares estejam se sentindo
ameaçados diante de lideranças do PCC (Foto: Blog dos Militares do Acre)
"O
comando está pronto para dar todo suporte aos militares", diz
comandante-geral da PM
O
comandante da Polícia Militar do Estado do Acre, coronel José dos Reis
Anastácio, recebeu a reportagem da Agência ContilNet na sala do comando geral
na manhã de sexta-feira (22), onde se disse surpreso com as declarações dadas
em "off" por alguns militares.
Ele
negou que haja defasagem no efetivo, desconhece que os policiais militares
estejam, supostamente, se sentindo ameaçados diante de lideranças do PCC que
desejam usar o Acre como corredor para o tráfico de drogas, e garantiu que o
comando geral está à disposição de todos os militares para que, juntos, possam
encontrar soluções para os problemas do cotidiano.
“É até
uma surpresa para mim este tipo de declaração dos policiais que você, por conta
do sigilo profissional, já disse que não divulgará os nomes. Quero dizer a
esses policiais que estamos prontos a recebê-los aqui no comando, para ouvir as
queixas, aceitarmos as sugestões e, juntos, encontrarmos a solução”, declarou.
O
comandante-geral ressaltou que não há defasagem no efetivo dos batalhões.
“O que
há são as permutas. O fato de alguns militares ficarem à disposição de outros
órgãos é algo constitucional”, assegurou.
Sobre
o suposto temor de militares no enfrentamento ao tráfico e especificamente ao
PCC, ele diz que não há nada concreto neste sentido.
“Sabemos
que já houve 39 prisões de pessoas ligadas ao PCC e desconheço que esteja
havendo isto”, diz.
Acre
tem o 3° menor orçamento para a Polícia Militar da Região Norte
O
Ministério da Justiça apresentou na última terça-feira (19), por meio da
Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), uma série de pesquisas na
área de segurança pública em todo o país.
Entre
os Estados da região norte, o Acre é o que possui o menor orçamento destinado
para a Polícia Militar. A pesquisa contém indicativos pertinentes ao ano de
2011.
A PM
dispõe de um orçamento de pouco mais de R$ 117 milhões, sendo que somente a
folha de pagamento corresponde ao gasto de 93,1% deste total.
O restante
do dinheiro é gasto com equipamentos para proteção individual, transporte e
comunicação, entre outros.
Fotos de policiais feridos enviadas à ContilNet por militares do Acre |
Fotos
de policiais feridos enviadas à ContilNet por militares do Acre
"Somos
obrigados a preencher a folha", diz policial
O
policial que pediu sigilo à sua identidade enviou estas informações a um
profissional da Agência ContilNet através de email. Veja o texto, na íntegra:
Olá,
vamos ao que interessa.
Atualmente
no Acre a PM passa um problema grave que é a falta de contigente e
valorização,isto porque todo ano vai mais policiais para a reserva do que
entram novos em concursos.
*A base
da PM no Tancredo Neves já funcionava a algum tempo mas de forma precária, as
coisas que ainda tem são objetos doados pela comunidade.
*Há
cerca de 1 mês começou uma operação nos comércios do centro e criaram um
policiamento municipal extra da prefeitura composto de policiais do Estado. De
cada batalhão foram tirados entre 2 a 5 policiais e destinados a prefeitura
deixando uma lacuna, ou seja alguns postos policiais deixaram de funcionar por
conta destes PMs que foram enviados para a prefeitura, reflexo disto foi o
fechamento do Box do Tancredo Neves.
*o
que conta para o comando são as "estatísticas" nos dão uma
folha de papel dita como "folha de abordagem" e todo serviço
somos obrigados a preencher esta folha! e no fim do mês o comandante passa
estas estatísticas de abordagem para o governo contar vantagem. De
nada serve essa folha, para se ter uma ideia existem vários meios de
preencher a folha sem mesmo ter que abordar uma pessoa, que é o que muitos
fazem. por ex: bastam ir ao terminal de Ônibus pegar uma caixa que
tem de documentos perdidos e tirar uns 20 nomes e passar para a folha todo o
dia e pronto!
Relatos
de um antigo na caserna…
A
Agência ContilNet publica o relato de outro policial, um dos mais antigos da
Polícia Militar do Acre. Veja o texto, na íntegra:
"No Acre as
coisas tem ficado difíceis para aqueles que obstinados continuam a
combater o crime. Não são poucas as vezes em que guarnições de policiais que
são mais aplicados e determinados a verem criminosos presos ouvirem ameaças de
morte. Mas tão logo que surgiu ameaças advindas de integrantes do PCC que se
instalou aqui no Acre, isso passou a mexer com o brio destes combatentes.
Para se ter uma
ideia do reflexo destas ameaças, policiais que trabalhavam a anos no reservado
do 5º BPM, se viram obrigados a mudarem de batalhão e até mesmo da região onde
moram. ou seja, a própria policia se sente ameaçada!
Quando saiu a
matéria que a policia civil teria prendido 39 integrantes da Facção Criminosa
PCC, na verdade só foram presos os "SOLDADOS" que é assim como
eles chamam os que são recrutados,os cabeças ainda estão por ai planejando e
aplicando os mais diversos crimes em nossa cidade. como acham que evoluiu o
crime em nossa cidade?
Neste mês, chegou
na cidade enviado pelos chefões do PCC um homicida de policiais destinado
somente para eliminar alguns pms que estavam atrapalhando o trabalho de uma
das células do trafico. Isso não é teoria, mas realidade, comprovada
em investigações.
Assassinato
de policial militar custa entre 600 a 1500 reais e a casos em que pagam até 500
mil reais pela cabeça do policial na cidade de São Paulo. E
esta regra de valores vai se estendendo também para os outros estados.
Muitos policiais estão a trabalhar apreensivos com medo de morrer e de até
mesmo bater de frente com o tráfico.
A verdade é que
muitos se sentem desvalorizados e não reconhecidos, antes o policial ganhava
condecoração e subia de graduação por bravura, ou seja, quando este agia
defendendo e salvando vidas. Hoje tiraram os prêmios por bravura desmotivando a
tropa.
Só para se ter uma
ideia o risco de vida de um soldado é de 200 reais para este combater o crime
todos os dias , já o risco do coronel é de em torno de 900 reais para não sair
de uma sala. Hoje a vida do soldado tem mais valor para o crime organizado do
que para a instituição, quando nos pagam 200 reais de risco de vida o
PCC paga 1500 para nos matarem. E é um desses motivos que muitos
policiais se corrompem e a sociedade não fica sabendo o motivo. É de
certo que muitos policiais andam se escondendo mudando suas rotinas pois em vez
de caçadores de criminosos estão sendo caçados.
Só para refrescar a
memória dos esquecidos, nos últimos anos foram vários atentados contra
policiais militares no Acre, Muitos destes foram mortos por cumprir o dever.
Ano passado muitos dos nossos sofreram emboscadas e quase mortos. Para
as estatísticas oficiais, seria mais um PM morto. Mas, não é! É menos um
soldado na luta contra o crime.
Uma cidadã
revoltada diz o seguinte:
Enquanto nossos soldados são abatidos pelas costas, o Estado, se
cala!!!, a Justiça lava as mãos, os Direitos Humanos, se omitem (o que não é de
se admirar!) e a sociedade prefere não tomar partido.- Hipócritas! Covardes!
Essa guerra não é só da PM. É de todos nós."
Essa guerra não é só da PM. É de todos nós."
Matéria publicada no Contilnet.com.br
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