A Câmara dos Deputados derrubou nesta terça-feira (25), por 430 votos a
nove (e duas abstenções), a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que impedia
o Ministério Público de promover investigações criminais por conta própria
(veja como cada deputado votou).
O texto da chamada PEC 37 (entenda) previa competência exclusiva da
polícia nessas apurações. Com a decisão da Câmara, a proposta será arquivada.
Pela proposta de alteração na carta constitucional, promotores e
procuradores não poderiam mais executar diligências e investigações próprias –
apenas solicitar ações no curso do inquérito policial e supervisionar a atuação
da polícia. A rejeição da proposta era uma das reivindicações dos protestos de
rua que se espalharam em todo o país.
Antes de iniciar a votação nominal, o presidente da Câmara, Henrique
Eduardo Alves (PMDB-RN), fez um apelo para que a proposta
que limita o MP fosse derrotada por unanimidade.
“Tenho o dever e a sensibilidade de dizer a esta casa que todo o Brasil
está acompanhando a votação desta matéria, nesta noite, no plenário. E por isso
tenho o dever e a sensibilidade de declarar, me perdoe a ousadia, que seria um
gesto importante, por unanimidade, derrotar essa PEC”, disse". Deputado Henrique Alves (PMDB-RN), presidente da Câmara
A votação foi acompanhada por procuradores e policiais, que ocupavam
cadeiras na galeria do plenário da Câmara. Conduzidos pelo líder do PSDB, Carlos
Sampaio (SP), promotor de Justiça licenciado, parlamentares tucanos
ergueram cartazes no plenário contra a PEC 37. As cartolinas estampavam “Eu sou
contra a PEC 37. Porque não devo e não tenho medo da investigação. A quem
interessa calar o MP?”, indagava o manifesto.
Ao abrir a sessão extraordinária, o presidente da Câmara, Henrique
Eduardo Alves (PMDB-RN), afirmou que era necessário votar a PEC 37, mesmo sem
acordo.
“Lamentavelmente chegamos a 95% de acordo. Faltaram 5% para concluirmos
um texto. Esta Casa demonstrou sua vontade de estabelecer um perfeito
entendimento entre o Ministério Público e os delegados. Mas na hora que não foi
possível, isso não poderia ser pretexto para não votar a PEC. Ela não poderia
ficar pairando”, disse.
Henrique Alves disse ainda “ter certeza” de que os parlamentares
votariam a proposta pensando no que seria melhor para o país.“ Tenho certeza
de que cada parlamentar estará votando de acordo com a sua consciência, para o
combate à corrupção, o combate à impunidade”, disse
Em discurso no plenário, o líder do PSOL na
Câmara, Ivan Valente (RJ), destacou o papel das manifestações populares na
derrubada da PEC 37. “Lá na CCJ da Câmara a maioria dos deputados era a favor
da PEC 37. A maioria desse plenário era a favor da PEC 37. [...] Essa PEC vai
ser derrubada pelo povo nas ruas”, afirmou.
Todos os partidos orientaram as bancadas para rejeitar a proposta. “A
bancada do Democratas vai votar em sua ampla maioria, senão na sua totalidade,
para derrotar a PEC 37. Mas aos colegas que votarem favoravelmente a ela, o meu
respeito, porque eu respeito qualquer parlamentar no momento da sua decisão e
votação”, disse o líder do DEM, deputado Ronaldo Caiado (GO).
Queremos dar uma resposta à sociedade, uma resposta
às ruas. Não queremos que nenhuma criminalidade fique sem investigação."
Deputado Eduardo Cunha (RJ), líder do PMDB na
Câmara
Ao defender a rejeição da PEC 37, o líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ),
afirmou que o partido quer dar uma reposta às manifestações.
“Ninguém quer acabar com o poder de investigar. Todos nós queremos que
todos investiguem. Queremos dar uma resposta à sociedade, uma resposta às ruas.
Não queremos que nenhuma criminalidade fique sem investigação”, afirmou.
Autor da PEC lamenta 'rótulo'
O autor da proposta, deputado Lourival Mendes (PTdoB-MA), foi o único a defender o texto no plenário. Ele afirmou que a PEC 37 foi rotulada de forma “indevida” como sinônimo de “impunidade”.
O autor da proposta, deputado Lourival Mendes (PTdoB-MA), foi o único a defender o texto no plenário. Ele afirmou que a PEC 37 foi rotulada de forma “indevida” como sinônimo de “impunidade”.
“Essa
PEC tramitou nesta Casa com 207 assinaturas, foi aprovada na CCJ [Comissão de
Constituição e Justiça], foi aprovada na comissão especial. Lamentavelmente,
num acidente de percurso, a PEC foi rotulada e alcançada por um movimento que
nada tem a ver com sua propositura. Não é verdadeiro o rótulo de impunidade da
PEC”, afirmou.
Fonte: G1.com
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