Documentos
revelados pela Folha mostram que ex-senador Geraldo Mesquita (PMDB-AC) foi
vetado para acompanhar comitiva do ex-presidente Lula em visita ao Acre por
assinar a criação da CPI dos Bingos.
Na
época, Geraldinho foi analisado pela equipe da presidência porque assinou a CPI
dos Bingos e sairia da base do governo; Ainda de acordo com e-mail, o então
governador Jorge Viana decidiria se o ex-aliado participaria da comitiva ou
não.
O
jornalista Rubens Valente, da Folha de São Paulo, informou em reportagem
publicada na Folha Online, que quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
comandava o Palácio do Planalto, durante o seu primeiro mandato, sua equipe
barrava opositores para não participarem de comitivas e visitam aos Estados.
“Abertos
à consulta pública pela primeira vez, documentos da Presidência da República
revelam como funcionava o filtro usado pelo governo para barrar aliados infiéis
ou desafetos nas viagens do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em seu
primeiro mandato (2003-2006)”, escreve o jornalista.
De
acordo o relato, os papéis também mostram o tamanho das comitivas e o costume
de autoridades e parentes de pegar carona nos voos presidenciais. Documentos
chegaram em março ao Arquivo Nacional de Brasília após pedido da Folha.
Um
fato curioso é evidenciado na reportagem. A visita do então presidente ao Acre.
E-mails de Fredo Ebling Júnior, cujo papel era coordenar as assessorias
parlamentares dos ministérios, demonstram a preocupação do governo com a CPI
dos Bingos. Nos preparativos para uma viagem de Lula ao Acre, Ebling Júnior
informou: “O senador Geraldo Mesquita (Até então PSB) assinou requerimento a
favor da CPI no Senado e anunciou que deixaria a base do governo. [...] Nossa
opinião aqui no ministério é a de que ele não deveria fazer parte da comitiva,
mas vale uma consulta ao governador” do Acre, que na época era o hoje senador
Jorge Viana.
Ainda
segundo reportagem, ao vetar o senador Magno Malta (PL-ES) para viagem a Araras
(SP), o assessor comentou que “há constrangimento em função da atitude dele na
CPI dos Bingos”. Malta apoiara a comissão. Nove anos depois das viagens, ouvido
pela Folha, Fredo Ebling Júnior disse que o objetivo era evitar
constrangimentos. “Talvez uma foto do presidente com o Demóstenes [Torres,
então senador pelo PFL] pudesse ter sido explorada politicamente.”
Um
papel mostra que a senadora Heloisa Helena, então o principal nome do PT em
Alagoas, foi vetada em uma viagem de Lula a o Estado em novembro de 2003, onde
seria lançada a política nacional de igualdade racial. Dois meses antes,
Heloisa havia feito críticas ao governo.
Papéis
que discriminam número e atividade de militares sob ordens do Gabinete de
Segurança Institucional que acompanharam Lula nas viagens têm tarja de
“reservado”.
Algumas
viagens empregaram dezenas de servidores públicos, deslocados em aviões
separados, um Boeing 707 e outro 737. A viagem que Lula fez ao Japão e à Coreia
do Sul, em maio de 2005, mobilizou três aviões e 113 passageiros, sem contar as
tripulações.
Em
março, a presidente Dilma Rousseff foi criticada por ter levado comitiva que
ocupou 52 quartos de hotel em Roma para acompanhar a entronização do novo papa.
Em
2005, quando do velório do papa João Paulo 2º, a comitiva de Lula também foi
grande, com 49 pessoas.
Em
2003, por ocasião da 58ª reunião da ONU, a comitiva de Lula ocupou 24 quartos
no hotel Marriott Courtyard. Para a China, de 22 a 27 de maio de 2004, a
comitiva presidencial contou com 58 pessoas.
OUTRO
LADO
Procurado,
o ex-presidente não comentou o assunto.
A
Secretaria de Comunicação Social da Presidência informou que “a composição da
lista de passageiros depende das circunstâncias e das agendas previstas”.
Fonte: Jornal Ac24horas
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