O velocista Lázaro Souza trabalha como coletor de lixo durante o dia (Foto: Nathacha Albuquerque/GE) |
Além
dos intensos treinos, o trabalho diário na limpeza pública é de tirar o fôlego
do atleta acreano Lázaro Sousa, de 22 anos. Ele é coletor de lixo, profissão
conhecida popularmente como gari.
"Ser gari não me envergonha"
Lázaro Sousa
Os
sapatos não tem amortecimento adequado, mas Sousa corre mais de 40 km durante a
jornada na limpeza pública.
A
habilidade e o equilíbrio adquiridos no esporte são necessários no dia a dia do
gari. Segundo Souza, o condicionamento físico obtido no esporte, torna o
trabalho menos pesado.
- Este
preparo físico que consegui é fundamental para correr os infinitos piques
curtos, levando o lixo e saltando de volta ao estribo do caminhão, desviando
dos carros. O motorista é o nosso treinador e dita o ritmo da maratona -
afirma, com um bom humor característico de quem exerce esta profissão.
Lázaro nasceu
em Tarauacá, interior do Acre, e passou a morar em Rio
Branco há quatro anos. A busca por uma vida melhor acabou lhe trazendo um
sonho, até então desconhecido: correr profissionalmente.
-
Quando vim morar em Rio Branco, uma tia me levou ao Horto Florestal. Achei
bonito as pessoas correndo. Consegui um tênis emprestado e quis praticar
também. Nunca mais parei - afirmou.
Tripla
jornada
Lázaro
supera diariamente a tripla jornada para competir nas provas de rua. Além de
trabalhar como coletor de lixo, ele treina todos os dias à noite quando chega
da faculdade.
"A mente é a principal responsável pela superação"
Lázaro Sousa
O
esporte o fez buscar novos conhecimentos e através de um financiamento começou
a cursar educação física em uma faculdade particular de Rio Branco. Sousa quer
se tornar professor para ajudar crianças a se tornarem atletas.
- Logo
que entrei na universidade expliquei aos meus colegas sobre minhas duas profissões.
Ser gari não me envergonha. Através do meu trabalho consigo seguir o sonho de
ser maratonista. Ainda vou ajudar muita gente que quer ser atleta também -
destacou.
A
rotina do atleta-gari impõe uma série de superações. É necessário vencer
o cansaço de passar o dia recolhendo o lixo da cidade, estudar e treinar à
noite e disputar uma prova no dia seguinte.
-
Treino todas as noites, pelo menos 10 km. Exausto, nos treinos ou nas provas,
se tiver pena de si próprio, o atleta desiste, se rende às inevitáveis dores.
No nosso trabalho também é assim. A mente é a principal responsável
pela superação - explicou.
"Aqui ainda não somos valorizados"
Lázaro Sousa
A
competição mais marcante para Sousa foi a Corrida dos Reis, em Cuiabá, em
janeiro deste ano. Entre 10 mil atletas ele foi o 20º colocado e o primeiro Acreano a cruzar a linha de chegada.
-
Fiquei emocionado. Lá as pessoas te incentivam pelas ruas, te aplaudem. Você
sente a importância do esporte para a cidade. Aqui ainda não somos valorizados
- lamentou o atleta, que não possui patrocínios.
Esse cara merece... o conheço, ja estudou em minha sala, um kara inteligente e esforçado... Me apoiou quando fui fazer o TAF do corpo de bombeiros!!!
ResponderExcluir#Guerreiro!!!