Todo mundo quer viver muitos
anos, mas você já se questionou se está somando mais pontos contra do que a
favor na busca pela longevidade? Por isso mesmo, um estudo da Universidade da
Califórnia, nos Estados Unidos, divulgado no Journal of American Medical Association (JAMA)
no ano de 2013 elencou uma série de fatores que podem aumentar as chances de
morte nos próximos 10 anos. De acordo com os pesquisadores, quanto mais deles
constarem em sua lista, maiores são as chances de ter a vida encurtada, pois
cada um acrescenta pontos às estatísticas. Listamos aqui quais são eles,
explicando sua relação e o que dá para fazer para prevenir esses problemas.
Confira!
Idade, ela pesa
Infelizmente, essa não dá para
evitar, o tempo traz mudanças implacáveis no nosso organismo. "O envelhecimento
é um fato, as células envelhecem, elas são datadas a viver 120 anos no máximo.
O processo de envelhecimento celular ajuda a desencadear diversos problemas,
afinal as artérias e o cérebro, entre outras estruturas, também ficam mais
velhos e perdem funções", ensina o cardiologista Otávio Gebara, professor
da Faculdade de Medicina da USP e diretor de Cardiologia do Hospital Santa
Paula.
Além disso, as deficiências que o nosso corpo vai adquirindo com a idade, como
reparação dos tecidos e de combate a infecções e câncer, podem mascarar outros
problemas de saúde. "Muitas doenças são diagnosticadas mais tardiamente,
pois muitos sintomas são confundidos como processos relacionados ao
envelhecimento e, quando a doença de base é diagnosticada, ela já se encontra
mais avançada", salienta Luciano Giacaglia, endocrinologista do Hospital
Alemão Oswaldo Cruz. Portanto, quanto maior a idade, mais pontos na ficha.
Os homens correm mais riscos
Esse quesito dá dois pontos aos
homens, o que no caso é negativo, já que quanto mais elevada a pontuação,
maiores os riscos de morte nos próximo 10 anos. Isso porque é comprovado que as
mulheres vivem mais do que os homens. "Até a menopausa, elas têm o
hormônio estrogênio que protege o sistema vascular", ressalta o
cardiologista Otávio Gebara. Como se não bastasse, a mulher vai ao médico com
mais frequência fazer check-up e relatar suas queixas, o que lhe dá a vantagem
de diagnosticar doenças mais cedo.
Além disso, os homens têm algumas desvantagens em seu organismo. "Eles têm
uma taxa metabólica maior que as mulheres e o desgaste das células é mais
intenso, razão pela qual o homem tende a gerar mais calor, transpirar mais, ter
um intestino mais acelerado, ter mais força... E quanto mais se utiliza a
máquina do corpo humano, mais precoce é seu desgaste", ensina o endocrinologista
Luciano Giacaglia.
Tabagismo
Pois é, o cigarro não poderia
faltar nessa lista. O tabagismo é fator de risco para doenças como infarto,
derrame, câncer,
entre outras. O clínico geral Eduardo Finger, imunologista e chefe do
departamento de Pesquisa e Desenvolvimento do SalomãoZoppi Diagnósticos,
acredita que nosso corpo tem uma reserva de energia que acumulamos até os 35
anos e depois começa a ser gasta. "Fumar cria problemas (a inflamação e
divisão celular) que, para serem resolvidos, exigem um consumo de energia. Isso
demanda um movimento ativo do seu corpo, que não vai sobrar depois",
ensina o médico.
Tanto que os danos do cigarro para a saúde só são realmente zerados se o
indivíduo parar antes dos 30 anos. "Após isso, existe sempre prejuízo em
relação aos que nunca fumaram, mas é menor do que se a pessoa continuar a
fumar", ensina o endocrinologista Giacaglia. Até porque, sempre fica algum
dano nos pulmões ou no coração, causados pelo mau-hábito, e por mais que a
genética influencie na saúde também, 80% das causas de doenças são creditadas
ao estilo de vida que a pessoa cria para si mesma. Portanto, mais dois pontos
para os fumantes.
Índice de Massa Corporal (IMC)
Ter o IMC acima de 25, ou seja,
com sobrepeso, resulta em mais um ponto na estatística. E alguém pode até
pensar, mas qual a diferença de alguns quilinhos a mais? "A gordura produz
substâncias chamadas adipocinas, que são tóxicas. Elas aumentam as chances de
se apresentar hipertensão, diabetes,
problemas cardíacos e câncer, entre outros", ensina o cardiologista
Gebara. Mas aqui os especialistas pedem cautela, já que o IMC nem sempre leva
tanto em consideração onde está concentrada essa gordura.
Inclusive, na contramão dessa pesquisa, alguns estudos demonstram que pessoas
com sobrepeso têm mostrado uma maior expectativa de vida. "Em conclusão,
mais que o peso ou IMC, é o percentual de gordura corporal que reflete os
riscos para a saúde. A gordura localizada, principalmente na região do abdômen,
é considerada a mais nociva, pois promove um quadro inflamatório que agride
nossos vasos sanguíneos, propiciando infarto e AVC.
Também sobrecarrega de gordura o fígado, que em alguns casos evolui para
cirrose, e o pâncreas, levando ao diabetes", ensina o endocrinologista
Giacaglia.
Diabetes
Nesse quadro há alta taxa de
açúcar no sangue, já que a insulina, hormônio que leva a glicose para dentro
das células, está em falta ou não funciona mais tão bem. Isso danifica o corpo
todo. "O excesso de glicose eleva a parede da artéria e produz os chamados
produtos avançados glicosilados, que são tóxicos e enrijecem as artérias e
favorecem o aparecimento de placas de colesterol", explica o cardiologista
Otávio. Isso causa danos em diversas estruturas do organismo, como o cérebro, o
coração e os rins. Por isso, o diabetes aumenta um ponto na lista.
Doenças cardiovasculares
Já as doenças cardiovasculares,
que podem ser consequentes da diabetes ou não, representam a maior causa de
mortes no Brasil, cerca de 800 mil pessoas ao ano. "A doença
cardiovascular promove obstrução da parede dos vasos, que, quando mais severa,
leva a falta de circulação e morte das células que são irrigadas por esta
artéria", ensina o endocrinologista Giacaglia. Sendo assim, já ter tido
alguma falência cardíaca e ter diabetes adiciona outros dois pontos negativos a
lista.
Câncer
O câncer também drena energia do
corpo, que poderia estar sendo enviada para outros processos metabólicos.
"O tumor promove perda importante de massa muscular e óssea, ainda que
determinada a cura. Além disso, libera substâncias na circulação que inibem o
apetite, agravando o estado de desnutrição", ressalta o endocrinologista
Giacaglia. O tratamento também é arriscado, afinal a quimio ou a radioterapia
acabam afetando não só as células cancerígenas, como também as normais.
De acordo com o estudo, quem já teve câncer tem muito mais chances de
reapresentar a doença. "A pessoa apresenta um defeito de uma proteína que
controla as mutações genéticas na célula, a chamada P-53, que por mais que o
tumor seja erradicado, o problema continua", ensina o clínico geral
Eduardo Finger. Ou seja, mais dois pontos no risco de morte nos próximos 10
anos.
Doença pulmonar
A doença crônica mais comum dos
pulmões é o DPOC,
que pode se apresentar como bronquite crônica, causando uma inflamação nos
brônquios, ou como enfisema pulmonar, que resulta em destruição dos pulmões ao
longo do tempo. Em ambos os casos, a passagem de ar para os pulmões, e
consequentemente a entrega de oxigênio para o corpo, é comprometida. E isso causa
ainda outros problemas, além da redução de energia que é fornecida ao corpo.
"Toda inflamação crônica acarreta a liberação de substâncias denominadas
citoquinas, que agridem as células, como a das paredes arteriais e dos rins.
Além disso, a falta crônica de oxigênio leva à geração de radicais livres que
atacam o DNA das células, acelerando assim o envelhecimento precoce",
ensina Giacaglia. O DPOC adiciona mais dois pontos à lista.
Dificuldades ao lidar com as
finanças
Depois de tantos problemas de
saúde, parece estranho ver um fator do dia a dia nessa lista. Mas se uma pessoa
que lidava bem com seu dinheiro começa a ter dificuldades nessa tarefa, ainda
mais com o passar do tempo, isso só pode significar algum problema cognitivo,
que tende a se agravar no futuro e até se manifestar na forma de doenças como o
Alzheimer. "Esse é um sinal, uma ponta de iceberg. Ao aplicar um teste
cognitivo numa dessas pessoas, percebe-se muitos outros aspectos, como falhas
de memória, que a pessoa consegue disfarçar no dia a dia", ressalta Otávio
Gebara.
Esses males da mente podem se relacionar de diversas formas a comprometimento
da expectativa de vida. "Pessoas com distúrbios cognitivos e de
comportamento estão mais sujeitas a acidentes de toda espécie. Em alguns casos
elas se tornam muito dependentes dos familiares, que se não tiverem boa estrutura
psicológica acabam abandonando o idoso, que fica mais sujeito a desidratação,
desnutrição e piora de seu cuidado higiênico", conclui Giacaglia. Este
item adiciona mais um ponto à lista.
Dificuldades de locomoção, banho
e manuseio de objetos
São itens que representam o
mesmo problema para a expectativa de vida, mas são contabilizados em separado
na lista. Em primeiro lugar, essas dificuldades com atividades motoras
representam dependência e podem aparecer em decorrência de alguma limitação
físicas ou de doenças como AVC, paralisia ou Alzheimer. "São pessoas que
se tornam dependentes de outras para cuidados básicos, como alimentação,
higiene, lazer, e nem sempre podem estar sendo bem atendidas", acredita
Gebara. Além disso, normalmente esses problemas estão ligados a uma redução da
massa muscular também. "Ela é nosso reservatório de proteínas em casos de
desnutrição, por exemplo. Portanto, quem tem maior reserva muscular tem maior
capacidade para enfrentar doenças que exijam mais proteínas, lembrando também
que os anticorpos são proteicos, ou seja, a capacidade de se defenderem de
infecções fica reduzida", assinala Giacaglia. Por isso, cada um desses
três problemas acrescenta um ponto à lista.
Fonte: Minha vida.com.br
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