A tríplice
fronteira entre Brasil, Bolívia e Peru, que tem o Acre como rota de acesso pode
ser um dos maiores corredores do tráfico de drogas e armas do país. Foi o que
demonstrou o general do Exército Brasileiro, Guilherme Theophilo, que
participou na manhã desta quinta-feira (26), da 4ª Reunião do Parlamento
Amazônico, realizada no plenário da Assembleia Legislativa do Acre (Aleac),
evento que debateu desenvolvimento com responsabilidade e segurança promovido
através de um requerimento do deputado Heitor Júnior (PDT).
O Secretário do Parlamento e Coordenador da 4ª Reunião,
Heitor Júnior, destaca que o encontro é de fundamental importância para debater
ações que visam o desenvolvimento e o aparelhamento da segurança no Acre. “Ao
todo, nove estados compõem a Comissão do Parlamento Amazônico, com debates dos
mais importantes temas para o desenvolvimento sustentável dos estados e
moradores da região para fortalecer a geração de empregos e renda, dentro
de um projeto de integração regional, buscando a exploração com
responsabilidade social”.
O evento contou com cinco palestrantes que abordaram os temas de
Soberania na Amazônia, Os free Shops em cidades gêmeas de fronteira, Contrato
de crédito de carbono, projetos e programas da Sudam para o desenvolvimento da
Amazônia Brasileira e Complexo de piscicultura do Acre. O tema Soberania na
Amazônia, com o general Guilherme Theophilo, foi o que mais despertou o
interesse do público presente. O militar abordou a questão da segurança nas
fronteiras, que de acordo com ele estariam abertas ao crime organizado.
Theophilo destaca que apesar dos esforços do Comando Militar da
Amazônia, as ações do governo federal não estariam sendo suficientes para
suprir as falhas e impedir que a ação dos traficantes e contrabandistas que
usam rios, florestas e estradas isoladas para levar drogas e armas aos grandes
centros brasileiros. Para o militar, faltam investimentos do governo brasileiro
em tecnologia e políticas públicas para combater o crime, principalmente em
pequeno estados como é o caso do Acre, que é usado como rota dos grupos
criminosos.
O general foi enfático ao questionar a falta de recursos públicos
e projetos elaborados pelas autoridades federais para coibir o avanço do crime
internacional. Para ele, a União precisa de um olhar diferenciado para as
fronteiras que estariam praticamente desguarnecidas e vulneráveis aos
criminosos que aliciam moradores de pequenas comunidades para conseguir apoio
para financiar a violência nos grandes centros urbanos, transportando grandes
quantidades de drogas e armas que abastecem as quadrilhas.
“É uma situação grave. Tudo o que entra ilegalmente vai alimentar
o crime organizado nos grandes centros, promovendo o avanço da onda de
criminalidade. O Brasil não consegue defender as fronteias e os países vizinhos
também não têm essa preocupação. Algumas cidades viraram terra de ninguém. “O
que estamos reivindicando é uma atenção maior por parte do Governo Federal para
as fronteiras colocando tecnologia de ponta para que possamos fiscalizar,
melhorando as estruturas nos órgãos de segurança pública, incentivando a vigilância
no controle dessas fronteiras”, afirma Theophilo.
O militar apresentou slides que mostram a situação preocupante das
fronteiras do Acre. Ele exibiu vídeo com depoimentos de índios que estariam
sofrendo investidas de grupos criminosos que alimentam o tráfico de drogas nas
grandes cidades brasileiras. “Estamos alertando as autoridades há anos, sobre o
perigo que avança sobre nossas fronteiras. Precisamos de investimentos em
diversas áreas para garantir a soberania e a segurança de nossas fronteiras. Sem
tecnologia de ponte e políticas públicas a situação pode se agravar”, alerta
Guilherme Theophilo.
Ac24horas
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