“Eu
sou o bucha”, disse Jardel Lima Nogueira, de 33 anos, que prestou depoimento
durante a audiência pública da CPI que investiga o Tráfico de Pessoas no
Brasil. Segundo o acusado de integrar a rede exploração sexual de mulheres e
adolescentes desmantelada pela Operação Delivery da Polícia Civil, ele teria
sido coagido por um delegado que participou da investigação para incriminar um
deputado e um desembargador.
Jardel
Nogueira começou a falar aos membros da CPI e disse que é vitima da imprensa
que o acusou de tráfico de pessoas, pedofilia e exploração sexual, mas que
nunca teve envolvimento com a polícia. Preso desde outubro de 2012, Jardel
acusou o delegado da Operação Delivery Nilton Boscaro de coação, afirmando que
a autoridade policial o intimidou com uma arma durante sua prisão, na tentativa
de obter nomes de possíveis acusados de envolvimento com a quadrilha de
aliciadores.
O
acusado disse também que o delegado Nilton Boscaro queria que ele confirmasse
que o deputado estadual Wherles Rocha (PSDB) e o Desembargador Samuel
Evangelista contratavam serviços sexuais de menores, por meio dos aliciadores.
Durante o depoimento Jardel denunciou que as vítimas também foram coagidas por
Boscaro, e que confirmou em depoimento ao Juiz Romário Divino a coação.
O
acusado declarou que em determinado momento pensou em confirmar que o deputado
Wherles Rocha teria envolvimento com crimes de pedofilia, por conta das
pressões sofridas durante o depoimento na sede da Delegacia de Combate ao Crime
Organizado (DECCO) do Ministério Público. Jardel Nogueira pediu proteção aos
membros da CPI, e disse que até mesmo dentro do presídio está sofrendo ameaças
por está sendo acusado de envolvimento de crimes sexuais com menores.
O
vice-presidente da Comissão, Luiz Couto (PT-PB), interpelou Jardel Nogueira
quanto a acusação do Ministério Público e Polícia Civil sobre as acusações de
aliciar menores para a prostituição, o acusado negou qualquer tipo de
envolvimento com a rede de exploração de menores.
Quanto
à acusação de liderar a organização criminosa e de envolvimento com os outros
acusados de aliciamento, Jardel negou conhecer os outros denunciados de
aliciamento e disse que aceitaria fazer uma acareação com as pessoas que o
acusaram durante depoimento na delegacia.
Respondendo
aos questionamentos da deputada federal Antônia Lúcia (PSC-AC) afirmou
desconhecer porque está sendo acusado de liderar a quadrilha de aliciadores.
Jimmy
Barbosa Júnior é denunciado por tortura
e estupro durante audiência pública na Aleac
O
empresário Jimmy Levy Barbosa Júnior, de 41 anos, foi denunciado por tortura e
estupro de uma estudante de medicina acreana de 22 anos, durante a audiência
pública da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga o Tráfico de
Pessoas no Brasil, na manhã desta quinta-feira (28), na Assembleia Legislativa
do Acre (Aleac).
A denúncia
foi apresentada pela ativista de direitos humanos, Joana D´Arc e pela
secretária estadual de Políticas para as Mulheres do Acre (SPM-AC), Concita
Maia. A acusação refere-se ao caso de uma estudante de medicina acreana de 22
anos que, morando em Maringá (PR), foi sequestrada, torturada, estuprada,
agredida física, psicológica, patrimonial e moralmente pelo ex-namorado, o
empresário Jimmy Levy Barbosa Júnior.
Os
membros da CPI vão requerer um relatório com os fatos que cercam o caso. Joana
D´Arc afirma que não houve punição do acusado, porque autoridades estaduais
estariam protegendo o empresário. A ativista destacou ainda, que vários casos
de exploração sexual de menores estariam sendo abafados pelas autoridades
acreanas, que apadrinham e protegem empresários e servidores públicos com foro
privilegiado.
O
presidente da CPI que investiga do Tráfico de Pessoas no Brasil, deputado
federal Arnaldo Jordy pediu que a Joana D´Arc fosse mais clara e revelasse
nomes, já que a comissão não estaria no “Acre para proteger governador,
desembargador, secretário ou servidor público”. Jordy perguntou ainda porque a
denúncia não teria sido formulada as instituições do Acre.
Joana
D´Arc retrucou e disse que as denúncias de exploração sexual e de pedofilia não
são acolhidas pelas instituições do Estado. A ativista denunciou que estaria
sofrendo pressões e ameaças de autoridades estaduais. Ela revelou que
protocolou junto a Presidência da República e ao Conselho Nacional de Justiça,
diversas denúncias contra autoridades do judiciário do Acre.
As
instituições e autoridades acreanas foram classificadas como “inoperantes” pela
ativista, que acusou o ex-comandante da Polícia Militar, Romário Célio e sua
esposa de estar fazendo ameaças ela. Jona D´Arc ligou sua metralhadora giratória
e disparou contra o Governo do Acre, que de acordo com ela, estaria utilizando
investigações de abuso sexual para tirar proveito político.
Tráfico
de pessoas e exploração sexual movimenta
mais de 30 bilhões de dólares por ano
O
vice-presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Federal,
deputado Luiz Couto (PT-PB) fez uma revelação preocupante, o tráfico de seres
humanos para fins de exploração sexual e escravidão movimenta cerca de US$ 30
bilhões por ano, sendo que pouco mais de 10% desta cifra passa pelo Brasil.
A
afirmação foi feita pelo parlamentar na manhã desta quinta-feira (28) durante a
visita da CPI do Tráfico de Pessoas ao Acre. Luiz Couto ressaltou que a CPI
identificou mais de 200 rotas de comercialização ilegal de seres humanos em
território brasileiro.
Crianças,
adolescentes e mulheres, a maioria de famílias pobres são as vítimas mais
frequentes de aliciadores, que em geral, são cooptadas e submetidas à
exploração sexual, ao trabalho escravo, à adoção ilegal e até mesmo à
comercialização de órgãos.
A
audiência pública, que será realizada nesta manhã na Assembleia Legislativa do
Estado do Acre ainda não começou.
A
intenção dos parlamentares que integram a comissão é ouvir acusados (clientes e
aliciadores) identificados durante a Operação Delivery, além do Juiz Romário
Divino, responsável pelo processo, o delegado que conduziu as investigações,
membros dos movimentos do Direitos Humanos e entidades ligadas a proteção de
crianças e adolescentes.
Fonte: Matéria Publicada no Jornal Ac24horas
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