Durante o Ato Público “Acre no
Enfrentamento à Violência Sexual”, o procurador do Ministério Público Carlos
Maia revelou que há mais de um ano espera a entrega do relatório produzido
durante a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa do
Estado do Acre, criada para apurar crimes de pedofilia no Estado.
De acordo com Carlos Maia, o presidente
da comissão, deputado Luiz Tchê (PDT) foi notificado para o encaminhamento do
relatório, mas após um ano de espera o procurador disse que notificará a
presidência da ALEAC.
Em 2009, após várias denúncias de
crimes de exploração sexual de crianças e adolescentes no Estado, deputados da
Assembleia Legislativa do Acre criaram uma CPI para apurar as denúncias. Na
ocasião, a ativista dos direitos humanos, Joana D’Arc Valente Santana,
principal denunciante das práticas criminosa contra menores, foi convocada a
prestar esclarecimentos e revelar, por meio de provas, os nomes dos envolvidos.
As declarações de Joana D’Arc caíram
como uma bomba, ao revelar nomes de pessoas influentes no Estado ligadas as
esferas dos poderes Executivo e Judiciário.
Na época, a ativista foi taxada de
louca, irresponsável e inconsequente. Após quase três anos, a pedofilia volta a
ser manchete nos noticiários locais, desta vez por conta da Operação Delivery,
desencadeada em conjunto pela Polícia Civil e Ministério Público Estadual.
A operação desarticulou um a rede de
exploração de adolescentes e mulheres maiores de idade que eram aliciadas para
práticas sexuais, onde os clientes, em sua maioria, eram pessoas influentes e
de grande poder econômico, como empresários, políticos, entre outros.
“Toda a sociedade sabia das ‘festinhas’
promovidas em grandes mansões nos bairros nobres de Rio Branco E aos arredores
da capital, mas ninguém nunca teve coragem de falar nada, todo mundo ficava
calado e isso foi virando quase que cultural; senhores ricos que pagavam moças
pobres em troca de sexo. Quando denunciei vários ‘figurões’ do alto escalão do
executivo e judiciário me chamaram de louca e de outros adjetivos, mas me
mantive calma pois sabia que mais cedo ou mais tarde toda a sujeira vinha a
tona, e é o que começa a acontecer”, disse Joana D’Arc, sobre as
denuncias feitas por ela em 2009 na CPI da Pedofilia e sobre os atuais
acontecimentos na área policial.
A ativista dos direitos humanos
acredita que a demora na entrega do relatório da CPI da Pedofilia ao Ministério
Público é uma manobra na tentativa de proteger os envolvidos nos crimes.
Para Joana D’Arc, a Operação Delivery é
apenas uma ponta do iceberg da exploração sexual existente no Acre, e defende
que uma força nacional de combate a exploração sexual de menores e de crimes
contra a dignidade humana e tráfico de pessoas passe a conduzir as
investigações.
“Esse ato público é um marco na história
acreana. É o Estado mostrando a cara para atender o clamor público e dizendo
que não ficará inerte diante desta bestialidade que é o crime de exploração
sexual de crianças e adolescentes. Mas, como diz o dito popular, ‘o inferno
está cheio de boas intenções’. Só acredito que esse assunto atingirá patamares
bem mais altos quando houver uma federalização, quando uma comissão nacional de
combate a crimes de pedofilia, contra a dignidade humana e ao tráfico de
pessoas passar a coordenar os rumos da investigações”, afirma a ativista.
Relatórios já
foram encaminhados - Contrariando as afirmações do Procurador do Ministério
Público Estadual, Carlos Maia, o deputado estadual Luiz Tchê (PDT), presidente
da CPI da Pedofilia da ALEAC disse que todos os relatórios produzidos pela CPI
foram encaminhados aos órgãos ligados a segurança pública do estado.
“Acho que o procurador está equivocado,
pois nunca chegou a esta casa uma notificação do MP, mas, cópias do relatório
foram encaminhadas a todas instituições ligadas a segurança pública e ao
judiciário”, declarou o deputado.
Fonte: Jornal Ac24horas
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