terça-feira, 1 de julho de 2014

JOVEM DO ACRE CONSEGUE BOLSA INTEGRAL PARA CINCO UNIVERSIDADES AMERICANAS


Aluno que concluiu o ensimo médio em escola pública, estudante está em Madri para projeto internacional sobre educação, de onde embarca para os EUA

Engajado e cheio de energia, o jovem André Melo, 19 anos, conquistou não só a aprovação, como também ofertas de bolsas integrais, em cinco universidades de prestígio dos Estados Unidos: Yale, Duke, Brown, Babson e Georgetown. A escolhida pelo estudante acreano foi Yale, que fica em New Haven, no estado de Connecticut, a cerca de 1 hora de Nova York. A conquista se torna ainda mais especial pelo fato de André ter cursado todo o ensino médio em escola pública. “É a universidade com que eu sempre sonhei, mas parecia impossível conseguir. Meus pais nunca poderiam pagar R$ 70 mil por ano pelos meus estudos em Yale. Eu ainda não estou acreditando. A ficha não caiu”, conta.

“Fui o único brasileiro ex-aluno de escola estadual a ser aceito - o que é raríssimo e até onde sei inédito - e o primeiro acriano a ser admitido em uma Ivy League, grupo das oito mais prestigiadas universidades americanas”, comemora. Para os pais dele, o sentimento é de orgulho e de saudade. “Eles estão muito orgulhosos, sabiam que minhas chances eram pequenas. Agora, vão sentir muito a minha falta, já que sou filho único, mas já se conformaram”, disse.

André foi convidado pela Georgetown Univeristy para conhecer o câmpus. Com a visita em abril, aproveitou para conhecer as outras instituições de ensino. A opção por Yale se baseia não apenas no prestígio da instituição. “Notei várias vantagens, desde a parte pedagógica, até os dormitórios, que são muito bons, e a localização. A parte financeira também contou. As outras universidades também me ofereceram bolsas integrais, mas Yale me ofereceu uma bolsa maior do que o necessário para cobrir meus estudos. Assim, vou poder viver bem sem gerar gastos para os meus pais”, disse.

André largou o curso de direito na Universidade Federal do Acre (UFAC) para embarcar para os Estados Unidos, para onde viaja na próxima terça-feira (1º/7). Agora, ele está em Madri, onde participou de workshops e reuniões do projeto Wise Learner, que seleciona jovens engajados pela educação.

Sucesso nos estudos
André está em dúvida sobre o que estudar nos Estados Unidos. “Eu gosto de muitas áreas, sou muito interdisciplinar. Penso em economia, relações internacionais e até jornalismo. Mas vai depender do que eu me interessar ao longo do curso, já que nos EUA você não passa para um curso: você passa para a instituição. O direito vai ficar para a pós-graduação”, afirmou.

Para garantir a aprovação em tantas universidades de excelência, André estudou bastante. Ele precisava se sair bem no Scholastic Aptitude Test (SAT), aceito na maior parte das instituições de ensino norte-americanas. “Eu estava há dois anos longe do ensino médio, estava cursando direito no Brasil e participando de muitos projetos. Eu sabia que se eu não fosse muito bem no teste, não passaria”, lembra.
Currículo invejável
André participa do projeto Wise Learner do World Inovation Summit for Education (Wise), que escolhe jovens estudantes promissores de todo o mundo que colaboram com o avanço da educação. Depois de participar do Wise em outubro de 2013, em Doha, ele voltou à capital do Qatar para um treinamento em janeiro de 2014 e, entre 1º de junho e 15 de junho, participou de mais um encontro, desta vez, em Madri. Na capital espanhola, André se reuniu com sua equipe, formada por outros três estudantes vindos de Guatemala, Haiti e Filipinas. Entre os 35 Wise Learners selecionados em 2013, André é o único representante do Brasil.

“O Wise Learner durou um ano para fazer projetos divididos em equipes. Temos que desenvolver um projeto que traga inovação para a educação. No meu time, criamos uma plataforma virtual para conectar voluntários mundo afora interessados em dar aula de inglês para pessoas da Favela da Rocinha em centros comunitários”, explica. A equipe de André vai se encontrar no Rio de Janeiro, em agosto, para para ter uma visão mais sólida para colocar o projeto em prática. “Temos reuniões semanais on-line e trabalhamos muito pela internet, mas faz muita diferença encontrar meu grupo pessoalmente”, conta.

Além de considerar a educação a principal arma para mudar o mundo, realizou diversos trabalhos em prol do ensino. Co-fundador do projeto Estudar Mais, parte da ONG britânica React & Change na América Latina que combatem a apatia dos jovens e a desigualdade de gênero, André reúne ainda outros feitos impressionantes: ele participou de eventos como o Parlamento Jovem Brasileiro, o Youth Parliament do Mercosul, o World Youth Congress, o Youth Blast durante a Rio+20, o International Student Week, em Ilmenau, e o Global Entrepreneurship Summer School, em Munique.

Além disso, foi selecionado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) como editor internacional jovem de uma publicação global sobre educação, foi escolhido pela Hesselbein Global Academy como um dos 50 estudantes líderes de ponta e já recebeu um prêmio de honra como cidadão do Acre. O futuro advogado considera a educação a principal arma para mudar o mundo.
Matéria: O Rio Branco

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