Aluno que concluiu o ensimo médio
em escola pública, estudante está em Madri para projeto internacional sobre
educação, de onde embarca para os EUA
Engajado e cheio de energia, o
jovem André Melo, 19 anos, conquistou não só a aprovação, como também ofertas
de bolsas integrais, em cinco universidades de prestígio dos Estados Unidos:
Yale, Duke, Brown, Babson e Georgetown. A escolhida pelo estudante acreano foi
Yale, que fica em New Haven, no estado de Connecticut, a cerca de 1 hora de
Nova York. A conquista se torna ainda mais especial pelo fato de André ter
cursado todo o ensino médio em escola pública. “É a universidade com que eu
sempre sonhei, mas parecia impossível conseguir. Meus pais nunca poderiam pagar
R$ 70 mil por ano pelos meus estudos em Yale. Eu ainda não estou acreditando. A
ficha não caiu”, conta.
“Fui o único brasileiro ex-aluno
de escola estadual a ser aceito - o que é raríssimo e até onde sei inédito - e
o primeiro acriano a ser admitido em uma Ivy League, grupo das oito mais
prestigiadas universidades americanas”, comemora. Para os pais dele, o
sentimento é de orgulho e de saudade. “Eles estão muito orgulhosos, sabiam que
minhas chances eram pequenas. Agora, vão sentir muito a minha falta, já que sou
filho único, mas já se conformaram”, disse.
André foi convidado pela
Georgetown Univeristy para conhecer o câmpus. Com a visita em abril, aproveitou
para conhecer as outras instituições de ensino. A opção por Yale se baseia não
apenas no prestígio da instituição. “Notei várias vantagens, desde a parte
pedagógica, até os dormitórios, que são muito bons, e a localização. A parte
financeira também contou. As outras universidades também me ofereceram bolsas
integrais, mas Yale me ofereceu uma bolsa maior do que o necessário para cobrir
meus estudos. Assim, vou poder viver bem sem gerar gastos para os meus pais”,
disse.
André largou o curso de direito
na Universidade Federal do Acre (UFAC) para embarcar para os Estados Unidos,
para onde viaja na próxima terça-feira (1º/7). Agora, ele está em Madri, onde
participou de workshops e reuniões do projeto Wise Learner, que seleciona
jovens engajados pela educação.
Sucesso nos estudos
André está em dúvida sobre o que
estudar nos Estados Unidos. “Eu gosto de muitas áreas, sou muito
interdisciplinar. Penso em economia, relações internacionais e até jornalismo.
Mas vai depender do que eu me interessar ao longo do curso, já que nos EUA você
não passa para um curso: você passa para a instituição. O direito vai ficar
para a pós-graduação”, afirmou.
Para garantir a aprovação em
tantas universidades de excelência, André estudou bastante. Ele precisava se
sair bem no Scholastic Aptitude Test (SAT), aceito na maior parte das
instituições de ensino norte-americanas. “Eu estava há dois anos longe do
ensino médio, estava cursando direito no Brasil e participando de muitos
projetos. Eu sabia que se eu não fosse muito bem no teste, não passaria”,
lembra.
Currículo invejável
André participa do projeto Wise
Learner do World Inovation Summit for Education (Wise), que escolhe jovens
estudantes promissores de todo o mundo que colaboram com o avanço da educação.
Depois de participar do Wise em outubro de 2013, em Doha, ele voltou à capital
do Qatar para um treinamento em janeiro de 2014 e, entre 1º de junho e 15 de
junho, participou de mais um encontro, desta vez, em Madri. Na capital
espanhola, André se reuniu com sua equipe, formada por outros três estudantes
vindos de Guatemala, Haiti e Filipinas. Entre os 35 Wise Learners selecionados
em 2013, André é o único representante do Brasil.
“O Wise Learner durou um ano para
fazer projetos divididos em equipes. Temos que desenvolver um projeto que traga
inovação para a educação. No meu time, criamos uma plataforma virtual para
conectar voluntários mundo afora interessados em dar aula de inglês para
pessoas da Favela da Rocinha em centros comunitários”, explica. A equipe de
André vai se encontrar no Rio de Janeiro, em agosto, para para ter uma visão
mais sólida para colocar o projeto em prática. “Temos reuniões semanais on-line
e trabalhamos muito pela internet, mas faz muita diferença encontrar meu grupo
pessoalmente”, conta.
Além de considerar a educação a
principal arma para mudar o mundo, realizou diversos trabalhos em prol do
ensino. Co-fundador do projeto Estudar Mais, parte da ONG britânica React &
Change na América Latina que combatem a apatia dos jovens e a desigualdade de
gênero, André reúne ainda outros feitos impressionantes: ele participou de
eventos como o Parlamento Jovem Brasileiro, o Youth Parliament do Mercosul, o
World Youth Congress, o Youth Blast durante a Rio+20, o International Student
Week, em Ilmenau, e o Global Entrepreneurship Summer School, em Munique.
Além disso, foi selecionado pela
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco)
como editor internacional jovem de uma publicação global sobre educação, foi
escolhido pela Hesselbein Global Academy como um dos 50 estudantes líderes de
ponta e já recebeu um prêmio de honra como cidadão do Acre. O futuro advogado
considera a educação a principal arma para mudar o mundo.
Matéria: O Rio Branco
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