A Agência Nacional de Petróleo e Gás
e Biocombustíveis (ANP) leiloa, nesta quinta (28) e
sexta-feira (29) 240 blocos para exploração de gás em terra, incluindo não
convencional (gás de xisto). O bônus de assinatura total do leilão até a última
atualização desta reportagem estava em R$ 86 milhões.
Dos 19 blocos em terra na Bacia do
Paraná oferecidos para exploração de gás na 12ª rodada de leilões da Agência
Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP), 16 foram arrematados somando
um bônus de assinatura de R$ 31,7 milhões. Três blocos não receberam oferta.
Os consórcio formados por Petrobras
e Cowan e Petra Energia, Tucumann, Copel e Bayar arremataram 11 blocos do
primeiro setor leiloado na Bacia do Paraná. O bônus de assinatura somou R$ 21,4
milhões, com ágio de 560%. O investimento previsto na área de 32 mil metros
quadrados é R$ 174,3 milhões.
Os cinco blocos do segundo setor da
mesma bacia oferecido foram todos arrematados por um bônus de assinatura de R$
10, 2 milhões, com ágio de 465% e investimento previsto de R$ 55 milhões. O
consórcio Petra Energia e Bayar, a Petrobras e a Petra Energia levaram os
blocos.
Parnaíba e Acre
Na Bacia do Parnaíba, de 32 blocos, apenas um foi arrematado pela Geopark
Brasil por R$ 920 mil, um ágio de 29%. A área de 763 quilômetros quadrados terá
investimento de R$ 6,7 milhões.
Na Bacia do Acre , dos 9 blocos
ofertados um foi levado pela Petrobras por um bônus de assinatura de R$ 295
mil, com investimento previsto em R$ 12,2 milhões para uma área de 1,6 mil
quilômetros quadrados.
Sergipe-Alagoas
Em dois setores leiloados na bacia Sergipe-Alagoas, a Petrobras levou sete
blocos; a Geopark, 1; o consórcio Nova Petróleo e Petrobras, 4; e a
Trayectoria, 4. De 50 blocos ofertados, 16 foram arrematados. O bônus de
assinatura dos dois setores soma R$ 38 milhões, e o investimento previsto é de
R$ R$ 63,3 milhões.
Na segunda parte do leilão de blocos
na bacia Sergipe-Alagoas, de 30 oferecidos, oito foram arrematados, cinco pela
Petrobras sozinha e quatro em consórcio com a Nova Petróleo. Esses blocos
tiveram um bônus de assinatura de R$ 14,8 milhões e investimento previsto de R$
38,5 milhões.
A bacia de Parecis, com 14 blocos em
oferta, não teve área arrematada. Também não houve interesse pelos36 blocos da
bacia do São Francisco. Ainda serão leiloados blocos no Recôncavo.
A 12ª rodada de licitações para blocos em terra acontece
também um mês depois do primeiro leilão do pré-sal, do campo de Libra, pelo
qual o governo obteve um bônus de assinatura de R$ 15 bilhões, além de 41,65%
do excedente do petróleo extraído.
Produção
Hoje as reservas provadas de gás do país
são de 460 bilhões de metros cúbicos, com uma produção diária de 70,7 milhões
de metros cúbicos por dia. Com as áreas do leilão desta rodada, mais os campos
de Frade, Lula e Libra, a ANP estima que a produção diária do país alcance 120 milhões
de metros cúbicos por dia em 2020.
"A rodada que estamos promovendo é
uma rodada com objetivo de gás natural em terra, seja ele convencional ou não
convencional, e tem a clara intenção de descentralizar os investimentos
exploratórios que hoje estão concentrados no Sudeste brasileiro”, explica Magda
Chambriard, diretora geral da ANP.
Blocos
Dos 240 blocos, 110 são em áreas de novas
fronteiras nas bacias do Acre, Parecis, São Francisco, Paraná e Parnaíba,
segundo a ANP, como forma de atrair investimento para regiões ainda pouco
conhecidas ou com barreiras tecnológicas a serem vencidas. Dessa forma, a
agência pretende ver o surgimento de novas bacias produtoras de gás natural e
de recursos petrolíferos convencionais e não convencionais. A área desses 110
blocos é de 164.477,76 km², diz a agência.
“Estaremos oferecendo áreas do Nordeste e
Norte do Brasil. Consideramos todas essas áreas estruturantes não só para a
economia do Brasil como da região. No estado do Maranhão, fizeram descobertas
de gás e declararam comercialidade. Já produzem esse gás e alimentam térmicas e
indústrias com ele. Queremos vender todos os blocos”, declarou Magda.
O leilão também oferece 130 blocos nas
bacias maduras do Recôncavo e de Sergipe-Alagoas, segundo a ANP, com o objetivo
de dar continuidade à exploração e produção de gás natural a partir de recursos
petrolíferos convencionais e não-convencionais. Esses 130 blocos somam 3.870,66
km².
Os 80 blocos em Sergipe-Alagoas, de 30
quilômetros quadrados, formam uma área que abre a possibilidade para empresas
de pequeno e médio porte, de acordo com Claudia Rabello, superintendente de
Promoção e Licitação da ANP.
“Isso vai ao encontro dos objetivos do
país de incentivar a atuação de pequenas e médias empresas na indústria
petrolífera”, explicou.
A Bacia do Paraná, com 19 blocos em
oferta, é considerada a maior bacia sedimentar brasileira e que vem sendo
estudada desde 2007 pela ANP, segundo Magda Chambriard, que disse acreditar no
potencial dos blocos, que passam embaixo de oito estados brasileiros.
As
empresas habilitadas
21 empresas estão habilitadas para
participar do leilão.
Na condição de operador A, qualificado
para operar em blocos situados em águas ultraprofundas, águas profundas, águas
rasas e em terra, estão Petrobras, a britânica Shell, a francesa Total, e a
alemã RWE Dea.
Como operadores B, com qualificação para
operar nos blocos situados em águas rasas e em terra, estão as brasileiras Ouro
Preto e Petra Energia, a portuguesa Petrogal, EP Energy Percada (EUA), GDF Suez
Energy (França) e Geopark (Bermudas), Gran Tierra (Canadá).
Empresas habilitadas na condição de operador
C, qualificadas para operar somente nos blocos em terra, exceto nos blocos da
Bacia de Acre-Madre de Dios, são as brasileiras Bayar, Companhia Paraense de
Energia, Cowan e Nova Petróleo, Trayectoria, do Panamá, e Alvopetro, da
Colômbia.
As habilitadas como não-operadoras somente
podem apresentar ofertas em consórcio com outros operadores habilitados
para o leilão. São elas Eneva, Tradener e Tucumann, do Brasil, e a espanhola
Repsol.
O
leilão
As empresas deverão apresentar suas
ofertas em envelopes fechados contendo o quanto oferecem de bônus de assinatura
(montante ofertado para obtenção da concessão do bloco objeto da oferta), de
Programa Exploratório Mínimo (conjunto de atividades exploratórias a ser
executado pelo concessionário) e de compromisso de conteúdo local.
O julgamento das ofertas apresentadas
pelas companhias será feito mediante a atribuição de pontos e pesos. O bônus de
assinatura terá peso de 40% no cálculo da nota final; o Programa Exploratório
Mínimo também tem peso de 40%; e o conteúdo local pesa 20% no cálculo da nota
final.
O Programa Exploratório Mínimo (PEM)
corresponde ao conjunto de atividades exploratórias a ser executado pelo
concessionário obrigatoriamente durante o primeiro período da fase de
exploração, que varia de três a cinco anos, de acordo com a bacia. O
conteúdo local mínimo exigido para a fase de exploração é de 70%, e para a fase
de desenvolvimento, de 77%, segundo a ANP.
As empresas podem arrematar mais de um
bloco, desde que as garantia depositadas sejam suficientes. As bacias de Paraná
e Parecis têm garantia mínima de R$ 431 mil por bloco; os blocos de Parnaíba e
São Francisco têm garantia mínima de R$ 370 mil; R$ 116 mil é o valor da
garantia de cada bloco das bacias de Sergipe-Alagoas e Recôncavo. A bacia de
Acre-Madre de Dios tem garantia mínima de R$ 1,4 milhão por bloco.
As
bacias ofertadas
Nas bacias de novas fronteiras, a bacia do
Acre tem 9 blocos em um setor, com PEM de R$ 171 milhões, bônus mínimo de R$ 86
mil e máximo de R$ 669 mil, e primeiro período exploratório de 5 anos.
Com 19 blocos em dois setores, a bacia do
Paraná tem PEM de R$ 70 milhões, bônus mínimo de R$ 92 mil e máximo de R$ 612
mil, e primeiro período exploratório de quatro anos.
A bacia do Parnaíba tem um setor com 32
blocos, PEM de R$ 104 milhões, bônus de R$ 292 mil a R$ 988 mil e primeiro
período exploratório de quatro anos.
Com bônus de assinatura entre R$ 254 mil e
R$ 735 mil, e quatro anos de primeiro período exploratório, a bacia de Parecis
tem 14 blocos em dois setores e PEM de R$ 56 milhões.
São Francisco tem uma bacia com bônus
mínimo de R$ 98 mil e máximo de R$ 512 mil, e primeiro período exploratório de
quatro anos. São 36 blocos em um setor e PEM de R$ 119 milhões.
Nas bacias maduras, a bacia do Recôncavo
tem 50 blocos em dois setores com PEM de R$ 47 milhões, bônus de assinatura
mínimo de R$ 170 mil e máximo de R$ 361 mil, e primeiro período exploratório de
três anos. A produção da bacia em agosto foi de 43.958 bbl/d de óleo e 2.516
mm3/d de gás, segundo a ANP.
A bacia de Sergipe-Alagoas, com quatro
setores, tem bônus mínimo de R$ 94 mil e máximo de R$ 293 mil e primeiro
período exploratório de três anos. O PME exigido para seus 80 blocos é de R$ 77
milhões. A produção em terra, em agosto, foi de 31.863 bbl/d e 1.570
mm3/d de gás, de acordo com a ANP.
Fonte: G1.com/Acre