No Acre, o
índice de candidatos que apenas “leem e escrevem” ultrapassa a média nacional
Uma
publicação da revista Veja mostra uma realidade cada vez mais notável no
cenário político acreano: o estado reúne o maior número de candidatos pouco
escolarizados do país. No estado, a taxa é quatro vezes maior que a brasileira.
De acordo
com informações, em algumas regiões do país, como no Acre, o índice de
candidatos que apenas “leem e escrevem” ultrapassa a média nacional. Isso
ocorre nas regiões Norte (1,58%) e Nordeste (1,06%) – menos desenvolvidas
economicamente –, mas também na Sul (1,30%).
No
infográfico do site de Veja, é possível fazer também uma análise por estados.
Dez deles estão acima da média nacional: São Paulo (1,26%), Minas Gerais
(1,54%), Amazonas (1,58%), Ceará (1,83%), Pernambuco (2,11%), Rio Grande do Sul
(2,30%), Rio Grande do Norte (2,49%), Alagoas (2,95%), Roraima (3,56%) e Acre
(4,7%).
É notável o
percentual do Rio Grande do Sul, um estado rico e desenvolvido, onde o índice
de candidatos com baixo grau de instrução é o dobro da média nacional.
Citando como
exemplo o comediante e deputado federal Francisco Everardo Oliveira Silva, o
Tiririca, a publicação classifica como “discrepante” e “ainda elevada” as
questões que dizem respeito à escolaridade dos políticos em relação às médias
do país.
“Neste ano,
os partidos escolheram 45% de seus representantes para disputas eleitorais
entre os diplomados com grau superior, e 30% entre os que passaram pela escola,
mas não chegaram à universidade. A distância entre as duas principais
classificações dos candidatos, com base no critério de escolaridade, diminuiu
em 2014“, segundo a publicação.
Há quatro
anos, os candidatos formados em universidades representavam 46%, e os que
concluíram o ensino médio, 27%”.
Os dados de
2010 do censo do IBGE apontam que apenas 7,9% da população brasileira com 10
anos de idade ou mais concluíram um curso superior e que 50,2% não chegaram ao
fim do ensino fundamental ou não tinham instrução.
Mas, esses
números estão em evolução, o que também tem alterado o perfil dos candidatos no
Brasil. Há dez anos, só 4,4% dos brasileiros tinham curso superior e 65,1%
estavam com o fundamental incompleto.
É possível
detectar as tendências apontadas pelo IBGE no perfil do eleitorado nacional. De
2010 para 2014, o porcentual de eleitores com ensino superior completo passou
de 3,7% para 5,6%. E os com ensino médio completo, de 13,1% para 16,6%. Ao
mesmo tempo, os analfabetos caíram de 5,9% para 5,1%, e os que só “leem e
escrevem” passaram de 14,5% para 12%.
Critérios de
partidos funcionam como porta de entrada para os menos escolarizados
Apenas seis
dos 32 partidos no país inverteram os critérios de seleção de candidatos e
funcionam como porta de entrada para candidatos menos escolarizados: PSDC,
PTdoB, PSL, PRTB, PTN e PRP – este último também é o que mais deu legenda a
candidatos que podem ser classificados como analfabetos funcionais.
Estes
partidos são os únicos em que o número de candidatos com instrução média é
proporcionalmente maior do que os com formação superior. As taxas variam de 36%
(PRP) a 41% (PSDC). Ou seja, é mais provável que uma pessoa com estudos
limitados ao ensino médio consiga se candidatar por uma dessas seis legendas
nanicas – assim apelidadas justamente pela falta de filiados eleitos no
Congresso Nacional ou em prefeituras – do que por um partido de grande porte.
Os critérios
de seleção dos candidatos são definidos em convenções estaduais de cada
partido. As siglas seguem regras particulares – a Justiça Eleitoral só exige
uma “cota de gênero”, que na prática funciona como uma reserva de no mínimo 30%
das vagas para mulheres nas eleições proporcionais.
O perfil dos
candidatos também varia de acordo com o histórico de filiações e formação do
corpo de militantes: o PT, PSDB e PMDB, por exemplo, possuem bases entre
acadêmicos. O PSD tem vínculos com empresários do comércio.
Matéria: Contilnet
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