Professor Eurico Paz - Presidente do Sinteac |
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Acre -
Sinteac de Tarauacá, anunciou pela rede Social Facebook, o seu desligamento do
Partido Comunista do Brasil - PCdoB, pelo qual militou por mais de dez anos.
De acordo com a nota, Eurico afirma que vinha sendo pressionado por
dirigentes do partido para "aliviar contra a prefeitura" nos
embates em defesa da categoria.
O PCdoB participa da administração municipal com o Vice Prefeito, 3
secretários, várias coordenações e cargos de segundo e terceiro escalões.
"Fazer um
sindicalismo pelego atrelado ao poder ou exercer o que eu havia aprendido nas
lutas e embates do partido, que é a resistência dos trabalhadores", disse o presidente.
Ainda segundo a nota, Eurico diz que está saindo para não atrapalhar a
participação do partido no governo e os planos de alguns dirigentes que querem
ser candidatos futuramente.
"Devido esses últimos
acontecimentos, minha situação no partido ficou insustentável. Saio com a
consciência do dever de um militante comunista cumprido. Mas, não quero
atrapalhar o projeto do partido e de seus membros dentro dessa administração.
Agora ninguém da turma do prefeito vai mais pressionar os comunistas da
prefeitura por conta da “postura do Eurico”, completou.
O problema se agravou na última segunda feira, quando o prefeito enviou
para a câmara algumas leis, para votação em caráter de urgência urgentíssima,
numa sessão extraordinária, sem discutir com o sindicato. Uma criava o estatuto dos servidores públicos e a outra um regime próprio de previdência.
Sabendo que o prefeito tem apoio de maioria dos vereadores no
parlamento, o sindicato mobilizou os trabalhadores, que foram para a câmara
pressionar para que os nobres não votassem as leis. Numa reunião, ficou
pactuado por maioria dos vereadores presentes e também a diretoria da entidade,
a retirada das duas leis da pauta de ação.
LEIA A NOTA NA ÍNTEGRA
Quero aqui tornar
público meu pedido de desligamento do Partido Comunista do Brasil – PCdoB,
diretório de Tarauacá.
Estive no partido
por mais de uma década como militante do movimento da educação. Tentei cumprir
seu estatuto e suas decisões coletivas. Acho que dei minha contribuição para o
crescimento do partido e a eleição de vários camaradas em diversos cargos públicos.
Desde o início
dessa atual administração em que o partido faz parte, eu já vinha percebendo
umas movimentações estranhas e muita inquietação de alguns dirigentes em
relação a minha pessoa e ao meu posicionamento em defesa da minha categoria.
Não foram poucas as reuniões em que dirigentes do partido queriam “me
enquadrar” por conta disso. Dirigentes importantes querendo “dar carão” no
presidente do Sinteac. Eu nunca aceitei esse tipo de coisa.
Foi no PCdoB que
aprendi a lutar em defesa dos direitos das pessoas mais humildes. Mas, os
olhares e as prioridades do partido e dos camaradas eram somente para
administração municipal e o restante teria que “compreender” isso por bem ou
por mal. Tentei resistir e fazer com que os principais dirigentes entendessem
que a luta dos trabalhadores em suas organizações populares deveria ser livre e
independente do poder. Foi assim que aprendi.
Tudo em vão. As
pressões só aumentaram e passei muitas noites em claro refletindo sobre que
decisão deveria tomar.
Fazer um
sindicalismo pelego atrelado ao poder ou exercer o que eu havia aprendido nas
lutas e embates do partido, que é a resistência dos trabalhadores.
Hoje, decidi
seguir meu caminho e exercer minha função de Presidente da maior entidade
sindical de Tarauacá que é o SINTEAC. Os trabalhadores me elegeram para fazer a
sua defesa e não confabular com os poderosos e vender a honra de uma categoria
tão sofrida.
Essa decisão não
está sendo fácil.
Esse último
episódio envolvendo o sindicato e a prefeitura, por conta de não aceitarmos que
o prefeito pudesse impor uma lei sem debater o seu conteúdo com os
representantes dos trabalhadores, só revelou uma realidade que já se desenhava
há muito tempo. Eu estava sozinho nessa luta.
Mesmo depois de
vários ataques que sofri da turma da prefeitura, nenhum dirigente do PCdoB se
manifestou em minha defesa. Aliás, me telefonaram somente para me “esculhambar”
por conta de minha postura em mobilizar os trabalhadores para resistirem contra
esse “golpe” do prefeito. Ainda bem que alguns vereadores barraram a lei na
câmara.
Tenho informações
que vão tentar aprovar de qualquer jeito. Só deixo um aviso. Não brinquem com
os trabalhadores em educação. Temos histórias de lutas e resistências nesse
município. Não somos massa de manobra. Se forem votar a lei nós vamos nos
mobilizar e parar essa cidade. Insistam com essa imoralidade e verão.
Devido esses
últimos acontecimentos, minha situação no partido ficou insustentável. Saio com
a consciência do dever de um militante comunista cumprido. Mas, não quero
atrapalhar o projeto do partido e de seus membros dentro dessa administração.
Agora ninguém da turma do prefeito vai mais pressionar os comunistas da
prefeitura por conta da “postura do Eurico”.
Por fim, vou
continuar a frente do SINTEAC, me preparar para as perseguições e retaliações à
minha pessoa, minha família e “tocar o barco”.
Deixo muitos
amigos e amigas no partido, mas é hora de me despedir.
Tarauacá-Acre, 30
de dezembro de 2014.
José Eurico de
Lima Paz.
Matéria: Blog do Accioly
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