A lista dos
políticos supostamente envolvidos no escândalo da Petrobras, onde foi citado o
nome do senador Gladson Cameli (PP) e especulasse que um pedido de investigação
do governador do Acre, Sebastião Viana (PT), será apresentado ao Superior
Tribunal de Justiça (STJ), continua repercutindo no Estado. Cauteloso,
o senador Jorge Viana (PT) pede que as pessoas tenham cuidado, antes de
condenar políticos com base em depoimento de delatores do caso Petrolão.
“Não tem
ninguém condenado. É um inquérito que vai ser aberto, onde as pessoas vão ter a
oportunidade de se defender, de se justificar. Eu acho que ninguém pode ser
condenado ou colocado como alguém envolvido em desvios, se o processo que é
garantido na Justiça não tiver ocorrido, se não tiver sido exercitado ao longo
do tempo, com o amplo e irrestrito direito de defesa dos acusados que foram
denunciados por estes delatores”, diz Jorge Viana.
O
parlamentar ressalta que não pode “fazer nenhum pré-julgamento do senador
Gladson. O nome dele, junto com mais três dezenas do PP está sendo colocado lá,
através de uma delação, isso não significa condenação. Agora, é uma situação
muito grave sim, o nome do governador Tião foi divulgado pela imprensa, mas a
gente não sabe o que é ainda, a gente só tem uma certeza; o governador Tião
Viana não deve e não teme, porque ele não fez absolutamente nada de ilegal”.
Segundo
Jorge Viana, o próprio governador não pode nem se defender daquilo que ele não
foi acusado ainda e nem sabe se será acusado. “O que a gente soube foi através
da imprensa, nos tais vazamentos, por isso que é perigoso fazer
pré-julgamentos. Eu acho que o Brasil não pode cair nesta armadilha, por conta
de alguém fazer um comentário numa delação ou outra, você já condena as
pessoas. O que eu não quero para nós, eu não quero para os outros”.
Apesar de
fazer a defesa prévia de Gladson Cameli e Sebastião Viana, o senador petista
destaca que a crise política é grave, já que políticos de diversos partidos
foram citados, principalmente do PP. “É uma situação grave e que não tenho
dúvida que o senador Gladson vai ter que dá suas razões, suas versões. O
próprio PT que tem nomes envolvidos, precisa tomar uma atitude dura em relação
a isso, primeiro defendendo aqueles que não estão envolvidos em nada”.
Mais uma
vez, o petista não isentou o seu partido de culpa no escândalo da Petrobras.
“Não podemos simplesmente fechar os olhos para o problema. Se tiver alguém
envolvido, nós temos que ser exemplar. Precisamos colocar na ordem do dia do
partido, definitivamente, o combate a este abuso de poder econômico nas
eleições, a entrada de empresas no processo eleitoral, isso é muito ruim para o
país e, principalmente para democracia”, enfatiza Viana.
Questionado
se o PT deveria reavaliar as alianças, já que fez concessões a políticos
taxados como corruptos, antes de o petismo chegar à Presidência, Jorge Viana
justificou a necessidade das alianças com o número de partidos. Para ele, o
excesso de legendas força o estabelecimentos de alianças para garantir a
governabilidade. “No sistema político brasileiro não tem saída, o partido ganha
mais não governa sozinho, tem que recorrer às alianças, mesmo com adversários
declarados”.
O senador
destaca que a população elegeu deputados de 28 partido diferentes. “É
impossível estabelecer diálogo com todos os líderes destes partidos. As ações
importante dependem de aprovação no Congresso. O Brasil não pode seguir com 32
partidos registrados e mais 30 na fila para serem registrados. Estamos seguindo
o caminho perigoso da Argentina, que tem 70 partidos registrados. Nos EUA tem
dois, na França não é meia dúzia”, ressalta Viana.
Os partidos
criados para servir de moeda de troca também foram criticados por Jorge Viana.
“No Brasil, nós estamos nesta irresponsabilidade, cheio de partidos cartoriais,
a pessoa que põe o partido embaixo do braço, independente de quem ganhou a
eleição, ela diz que vai fazer parte do governo porque elegeu um parlamentar,
tem um partido e faz. Então, não importa quem governe, qualquer um que ganhar
fica refém de fazer alianças até com eventuais adversários”.
Mudanças urgentes
Viana
acredita que a crise política que o Brasil mergulhou, só terá fim com o
estabelecimento do diálogo entre situação e oposição. “O Brasil precisa de um
impacto político, uma pacificação. Com esta guerra política que estamos
vivendo, onde a eleição não tem fim, o país não cresce, quem cresce agora é a
inflação, pode voltar o desemprego. Nós estamos precisando de um pacto onde se
respeite quem venceu a eleição e quem venceu respeite quem perdeu”.
Para Jorge
Viana, os ex-presidentes Fernando Henrique (PSDB) e Lula (PT), deveriam iniciar
a pacificação entre os grupos políticos. “Acho que Fernando Henrique deve
conversar com Lula e Lula dever conversar com FHC. Esta é a política que o
Brasil e o brasileiro precisam, senão vamos seguir nesta lógica de um escândalo
atrás do outro e eleição sendo sempre sinônimo de corrupção. Se enfraquecermos
a política, nós vamos enfraquecer mortalmente a democracia”.
Ele acredita
ainda que o PT deve resgatar a bandeira de luta contra os atos de corrupção
praticados na política brasileira. “O PT tem a responsabilidade, mais do que os
outros, de rever suas alianças, rever seus compromissos, de fazer um recomeço
depois de 35 anos. Não a partir de ser dono da verdade, mas de repactuar
compromissos que possam atrair a juventude de novo, e reaproximar aqueles que
simpatizavam com o partido e se afastaram”, finaliza Viana.
Matéria: Ac24horas
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