Corrupção de agentes
penitenciários, comércio de drogas e celulares, além da ausência de políticas
de reabilitação. Esses são alguns dos fatores que tornam o sistema carcerário
do Acre, formado por sete unidades, em um verdadeiro ‘barril de pólvora’. Para
agravar ainda mais a situação, a droga entra pela cozinha do presídio estadual
Francisco de Oliveira Conde (FOC), em Rio Branco.
As revelações são da juíza Luana
Campos, que atua na Vara de Execuções Penais, feitas oito dias após o Conselho
Nacional do Ministério Público divulgar um estudo inédito sobre o sistema
penitenciário brasileiro, a partir de um levantamento de dados feito em todos
os estados e no Distrito Federal.
Sem raio-x, raquetes adequadas
para fazer revistas, detectores de metais, o FOC é considerado frágil. Em
entrevista exclusiva ao ac24horas, Luana Campos aponta outro problema que
é a corrupção de agentes penitenciários. Segundo a juíza, além da droga, entra
celular e outros objetos nos presídios de Rio Branco. No FOC, a cozinha é a
porta de entrada.
“Nós já solicitamos a empresa
Tapiri que é quem faz a comida na penitenciária, que providencie câmeras de
monitoramento para melhorar essa situação. Mas a grande luta mesmo é com a
fragilidade total de segurança no presídio”, comentou.
A responsável pela Vara de
Execuções Penais não descarta a possibilidade de entrada de armas. Afirma ainda
que é inadmissível que um complexo como o FOC apresente grau de fragilidade tão
grande. “Eu tenho feito a cobrança dos órgãos públicos, sem respostas a minha
última competência seria mandar interditar o local”, disse a juíza.
Luana Campos revelou que não
envia mais relatórios para a Secretaria de Direitos Humanos do Governo do Acre,
mas para o Departamento Penitenciário Nacional (Depen) órgão brasileiro
responsável pela fiscalização dos presídios de todo o país.
A magistrada reconhece a
superlotação apontada pelo Ministério Público. Atualmente o déficit é de 1.436 vagas em todo o
estado. “O Estado não está se preparando para esse aumento da criminalidade”,
afirma ao acrescentar ainda que “O crime está se reorganizando a cada
instante”.
Ela citou como avanços no
sistema, a separação de presos por facção criminosa e de presos provisórios.
Presos com sentença definitiva também tem unidade própria em Rio Branco. Mas em
compensação, a Unidade Prisional Feminina que pegou fogo ainda não foi
entregue.
Juíza acredita que é possível
recuperar condenados
Para a magistrada a recuperação de condenados é possível, mas que “Isso depende de cada um deles, não apenas do trabalho ou das condições dentro do presídio”, comentou. “Eu tento levar para o lado da ressocialização no sentido de que o preso já cumpriu a pena dele, pagou pelo que ele fez e merece uma chance. Trato eles como senhor, não os trato como criminosos”, revela.
Para a magistrada a recuperação de condenados é possível, mas que “Isso depende de cada um deles, não apenas do trabalho ou das condições dentro do presídio”, comentou. “Eu tento levar para o lado da ressocialização no sentido de que o preso já cumpriu a pena dele, pagou pelo que ele fez e merece uma chance. Trato eles como senhor, não os trato como criminosos”, revela.
Ela assegura que somente os
presos que tem bom comportamento é que vem recebendo tratamento diferenciado e
confirma que, dos 230 presos em monitoramento eletrônico, apenas 15 voltaram
para o presídio. “Essa reincidência já foi bem maior”, comenta.
Entre as novas medidas adotadas
pela magistrada, os presos passaram a ter direito de ficar o domingo com a
família. Com relação aos presos drogados, a Vara de Execuções Penais ajuda a
encontrar vagas nas Casas de Recuperação.
A Vara de Execuções Penais fechou
30 vagas para curso de garçom que será feito com os presos. “Esperamos que
outros empresários nos ajudem a desenvolver esse trabalho de parceria e
humanização. Aqui não temos orçamento próprio, trabalhamos com leis e
criatividade”, concluiu a magistrada.
Alimentos vencidos e
superfaturados
Assim que assumiu a Vara de Execuções Penais, a juíza Luana Campos em inspeção feita na FOC, constatou o superfaturamento de preços nos marmitex vendidos pela empresa Tapiri ao Instituto Penitenciário do Acre (Iapen). Cada unidade era vendida a R$ 6,40.
Assim que assumiu a Vara de Execuções Penais, a juíza Luana Campos em inspeção feita na FOC, constatou o superfaturamento de preços nos marmitex vendidos pela empresa Tapiri ao Instituto Penitenciário do Acre (Iapen). Cada unidade era vendida a R$ 6,40.
A empresa utiliza mão de obra de
presos, além de não está sujeita aos encargos sociais exigidos pela CLT.
Durante vistoria realizada em 2012, o Depen já havia orientado o Iapen a rever
o contrato com a empresa. Produtos vencidos também foram encontrados na
fiscalização.
O outro lado
Sexta-feira passada quando a reportagem publicou a matéria sobre o relatório do Ministério Público sobre os presídios do Acre, a assessoria do Iapen informou que o diretor Dirceu Augusto estava viajando.
Sexta-feira passada quando a reportagem publicou a matéria sobre o relatório do Ministério Público sobre os presídios do Acre, a assessoria do Iapen informou que o diretor Dirceu Augusto estava viajando.
Ontem, pela manhã, a reportagem
voltou a procurar sua assessoria para gravar entrevista. O diretor foi
informado sobre o conteúdo desta reportagem, mas até o fechamento desta edição
nenhum contato foi feito para gravar entrevista.
Representantes da empresa Tapiri
não foram encontrados para falar sobre as providências exigidas pela juíza.
Fonte: Jornal Ac24horas
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