Um grupo de índios de várias
etnias bloqueou na manhã desta quarta-feira, 12, a entrada da Casa de Saúde do
Índio (Casai). Os indígenas protestam pela demora no agendamento de consultas,
pela falta de higiene do local, falta de estrutura, veículos quebrados e por
suposto desvio de recursos da instituição.
Os índios afirmam que reivindicam
melhorias há dois anos, mas os administradores da Casai não sinalizaram com
nenhum tipo de avanço. De acordo com os manifestantes, a instituição não
oferece as mínimas condições de funcionamento. “É desumano, o que os gestores
da saúde indígena estão fazendo”, diz Edson Jaminawá.
Segundo o líder do movimento,
Edson Jaminawá, a falta de estrutura da Casai poderá ocasionar sérios problemas
aos indígenas. “Não temos bebedouro, os banheiros estão trancados, não temos
água para tomar banho, o refeitório é do lado de duas forças estouradas e
quando chove é um Deus nos acuda”, denúncia.
De acordo com os manifestantes,
os dois médicos que atendem na Casai não estariam fazendo as consultas. Em
alguns casos, a espera estaria sendo até de dois meses, para uma simples
consulta. “Os médicos mandam os paciente embora de qualquer jeito. Os índios
continuam sendo tratados com descaso”, afirma Edson Jaminawá.
Os indígenas dizem que há mais de
seis meses reivindicam um bebedouro, mas não obtiveram respostas da
administração da Casai. As melhorias prometidas pela Prefeitura de Rio Branco,
Governo do Estado do Acre e Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) não
teriam sido implantadas na instituição.
Os manifestantes denunciaram
ainda, a atuação de uma empresa fantasma na Casai. De acordo com eles, a
empresa estaria recebendo para lavar os lençóis e as roupas dos índios que
estariam em tratamento de saúde na instituição, mas não estaria cumprindo o
contrato. Os pacientes é quem cuidam da higienização dos lençóis.
Há mais de dois dias sem água
para tomar banho, os índios estariam recorrendo a açudes. Com os banheiros
trancados, eles estariam fazendo suas necessidades em matas próximas a Casai. “Estamos
abandonados. Os ‘parentes’ têm que procurar o mato, para defecar”, diz Felipe
Cabral Manchinere.
O indígena revela que chegou a
Casai, no dia 20 de novembro, e estaria esperando por uma consulta agendada
para o dia 17 de dezembro, sem receber qualquer tipo de mediação. “Tenho fortes
dores, mas não estou recebendo nenhum remédio. Agendaram a consulta para o dia
17 deste mês”, diz Felipe Manchinere.
Francisco Pereira, que veio da
localidade conhecida como ‘Garapé Santo Antônio’, em Boca do Acre disse que
estaria com a esposa doente há três meses, sem saber qual seria o diagnóstico.
“Ela foi atendida quando chegamos a Casai, mas os médicos não disseram qual
seria a doença. Ele tem muitas dores na barriga”, enfatiza.
Outra denúncia levantada pelos
manifestantes seria o desvio de recursos da saúde indígena. “O Governo Federal
manda o dinheiro, mas sabemos que os recursos são desviados pelos esquemas
montados pelos administradores”, Edson Jaminawá.
Procurado pela reportagem, o
administrador da Casai, Antônio Pereira Lira negou as acusações. Para ele, “as
consultas estão saindo”. De acordo com o gestor, os índios estariam sendo
atendidos na Fundhacre e nos postos de saúde de Rio Branco. Pereira informou
ainda, que teria pedido exoneração do cargo.
Fonte: Jornal Ac24horas
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