Mais
uma vez a Universidade Federal do Acre (Ufac) é alvo de denúncias de fraude em
concursos realizado pela instituição. Candidatos a professor dos cursos de
administração e geografia que concorreram no certame destinado ao provimento de
74 vagas e formação de cadastro de reserva no cargo efetivo de Professor da
Carreira do Magistério Superior estão denunciando suposto favorecimentos a
concorrentes ligados a gestores da unidade de ensino e a grupos políticos que
comandam a faculdade federal.
A
principal reclamação dos candidatos é sobre a avaliação das provas, que de
acordo com eles não está sendo feita de forma transparente. Os denunciantes
afirmam que o concurso é um jogo de cartas marcadas para efetivar amigos e
apadrinhados dos gestores da Ufac e de políticos que utilizam a instituição de
ensino, como curral eleitoral. Os candidatos questionam, ainda, o porquê de os
gestores da instituição não abrirem mão de elaborar a prova e fazer a escolha
dos examinadores que fazem a correção das provas.
Através
de uma carta enviada via sedex, à redação de ac24horas, no dia 17 de abril, um
funcionário da Ufac (que pediu para não ser identificado) informou o nome dos
candidatos que seriam aprovados na primeira fase do concurso para professor de
Geografia. O denunciante informou inclusive, o nome do candidato que
ficaria em primeiro lugar na classificação. O nome informado pelo servidor da
instituição federal obteve a mesma nota dos três avaliadores, se aproximando da
nota máxima da prova.
Os
candidatos que se dizem prejudicados afirmam que formalizarão uma denúncia no
Ministério Público Federal (MPF). Eles questionam a lisura dos concursos
públicos realizados pela Ufac. Para eles, a lisura dos certames é prejudicada,
já que os próprios professores da instituição de ensino elaboram as provas,
fazem a correção, avaliam e divulgam os nomes dos aprovados. Outra questão
levantada pelos participantes do concurso é a reavaliação da prova que muitas
vezes estaria elevando a nota do recorrente em 150%.
“Por
que só a Ufac ainda faz seu próprio concurso, com provas elaboradas pelos
professores locais? Por que os gestores da instituição não contratam uma
empresa que realiza concursos para cuidar do concurso? Por que a Ufac não abre
mão deste método ultrapassado? Uma empresa sem ligações com a universidade
poderia fazer o concurso e livrar o certame de qualquer questão judicial”,
questiona J.C.N. – candidato que afirma ter doutorado, mas foi desclassificado
e ao recorrer teve seu pedido indeferido.
No
prova para contratação de professor de administração, os candidatos afirmam que
existe uma manobra para efetivação de um concorrente que teria ligação com um
deputado federal petista. O “escolhido” ficou abaixo da média 5.00 – que o
classificaria para a próxima fase. Depois de pedir uma reavaliação o suposto
apadrinhado evoluiu quase dois pontos, chegando à zona de classificação para a
prova didática, que deverá acontecer nesta quarta-feira (24), quando os
classificados ministram uma aula na Ufac.
Com
planilhas da avaliação e da reavaliação nas mãos, os candidatos de
administração contestam que não é mostrado no documento, qual seria o avaliador
que aumentou a média dos recorrentes. A ordem dos classificados também foi
mantida, mesmo com concorrentes alcançando médias superiores aos primeiros
classificados na avaliação original. Os denunciantes afirmam que graduados
estariam sendo privilegiados e doutores e mestres estariam sendo prejudicados
por “interesses de terceiros”.
A Ufac
foi palco de escândalos anteriores, inclusive, a instituição abriu mão da
realização do vestibular, depois de fraudes e cancelamentos do exame, aderindo
ao Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) para se livrar das constantes
suspeitas. Em 1996, uma denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal
acusou 11 pessoas de fraudar o vestibular da Ufac, na prova de Direito. A
denúncia que envolvia pessoas ligadas a Comissão Permanente de Vestibular
provocou a anulação do vestibular.
O
OUTRO LADO
A
reportagem de ac24horas esteve
no campus da Ufac. Na assessoria de comunicação da instituição de ensino, um
dos assessores informou que a reavaliação de provas é comum em certames da
universidade. A assessoria informou ainda, que apenas a pró-reitora de
graduação, Socorro Nei estaria autorizada a falar do assunto, mas estaria no
Colégio de Aplicação. Tentamos contato com a pró-reitora pelo número: (68)
9985-**00 – fornecido na assessoria, mas a gestora não atendeu ou retornou a
ligação.
Fonte: Jornal ac24horas
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