Com o
início da derrocada da propalada “economia verde” que poderá culminar no golpe
final no já cambaleante mercado europeu de créditos de carbono, a preocupação
com os investimentos perdidos no setor começa a chegar ao Acre, um dos estados
que mais investiu no sequestro de carbono. Diante do provável colapso deste
mercado, políticos já se mobilizam para defender a produção e o desmate como
alternativa de desenvolvimento.
O
deputado estadual Luis Tchê (PDT), um dos defensores do pagamento de uma
compensação pela preservação das florestas no Estado, falou nesta quarta, do
provável fim do sonho dos créditos de carbono e sobre a crise que enfrentada no
Acre, que de acordo com ele, está impedido de crescer pela preservação
exagerada. Para o pedetista, a solução para os problemas financeiros das
cidades acreanas é apostar na produção como forma de desenvolvimento.
“Não é
justo que os grandes estados ostentem riquezas, enquanto a economia no Acre é
engessada em detrimento da preservação que eles não fizeram. Este é um preço
muito alto para um Estado pequeno que depende dos repasses federais. A produção
é a saída para esta crise que se avizinha a cada dia. Precisamos aquecer o
setor produtivo. Estamos falando da sobrevivência econômica de pessoas”, diz
Tchê.
Segundo
Tchê, os projetos de sequestro de carbono, que foram apresentados pelo Governo
do Acre, como uma forma de trazer recursos para o Estado foram sufocados pela
crise europeia. Para o deputado, os países europeus preferem salvar a própria
pele. Que investir do Acre. “A tonelada de Carbono que chegou a valer 30 euros,
hoje vale pouco mais de 2 euros. Sem contar que nenhum centavo chegou de
crédito de carbono para investimentos”, destaca.
Questionado
se ele estaria defendendo o desmatamento para ampliar a produção e incentivar o
agronegócio no Estado, Luis Tchê disse que a medida pode a princípio ter este
sentido, mas que é necessário investir na produção e, para isso, o Acre teria
que repensar o modelo de preservação praticado atualmente. “Só a partir dai
poderemos pensar em desenvolvimento. A verdadeira sustentabilidade é poder
crescer explorando o que temos”, enfatiza.
“As
perguntas que ficam são as seguintes: o que o Acre está ganhando com esta
preservação que multa pequenos produtores e imobiliza o agronegócio? Até que
ponto temos que fazer sacrifícios pelos estados que devastaram para
se desenvolver? Não seria justo o Acre ter um acréscimo em seu FPM, para manter
esta preservação? Em todos os cantos observamos esta correria para preserva a
floresta, e o homem onde fica?”, questiona Tchê.
O
parlamentar falou ainda dos projetos de manejo florestal, implantados desde a
administração do ex-governador Jorge Viana (PT), que teria o objetivo de gerar
receita para os donos de pequenas propriedades e fazer o desmatamento
controlado. “O manejo florestal é uma forma de burla a lei e desmatar sem
passar pelos rigores do código florestal. Só quem está ganhando dinheiro com o
manejo, são os grandes. O pequeno produtor é obrigado a preservar, não desmatar
e ainda assiste as riquezas de suas terras serem retiras a valores
insignificantes”.
O
pedetista disse que muitos projetos falharam em proporcionar o desenvolvimento
sustentável do Acre. Para ele, o Estado não pode viver a mercê de projetos
fracassados, como é o caso do crédito de carbono, que teria sido criada uma
agência para tratar o assunto e o Governo do Acre gastou dinheiro com a
iniciativa que não teria saído do papel. “Chegou o momento de pensarmos grande.
Desenvolvimento só se faz com produção”.
Revisão
da dívida do Estado
Outra
medida que Luis Tchê defende com intransigência é a renegociação da dívida do
Acre com a União. O deputado informou que a OAB está entrando na briga e vai
pedir a revisão dos valores que o Acre deve. “Pode ser que já tenhamos pagado
esta dívida. Enquanto políticos entram em debates menores, deveriam discutir
esta questão. Pagamos juros extorsivos de um dinheiro que sai dos nossos
impostos. Precisamos pedir a revisão de dívida, e se temos que preservar para
manter o equilíbrio dos estados que devastaram suas florestas, que recebamos
esta compensação da União”, finaliza.
Fonte: Jornal ac24horas
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