Os 14 vereadores de Cruzeiro do
Sul se solidarizaram com um grupo de hansenianos, que foi à Câmara Municipal em
busca de apoio. Uma portaria da Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre) está
vedando a internação de hansenianos no hospital dermatológico da cidade. A
medida causou transtorno e indignação entre os usuários. O ato foi organizado
pelo Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan).
De acordo com o representante da
classe, Manoel Alves da Silva, o impasse foi provocado pela direção do hospital
que passou a funcionar sem internações. Os paciente, segundo ele, estão sendo
encaminhados para os leitos do Hospital do Juruá. “Acontece que aquela unidade
não nos dá a devida atenção, uma vez que necessitamos de um atendimento
diferenciado”, disse ele, acrescentando que a direção reencaminha os doentes
para o Hospital Dermatológico.
Indignado, o primeiro secretário
da Câmara Municipal, vereador Marcos Lima Verde (PMDB), lamentou a situação,
que, a seu ver, só aconteceu porque não houve discussões com os representantes
do Morhan. “Eles fazem parte do conselho gestor do hospital e são os maiores
interessado sobre essa questão. O meu pai foi acometido pela hanseníase e
morreu lutando por direitos”, desabafou o parlamentar.
O vereador Elenildo da Pesca
(PP), por sua vez, ameaçou acionar a Justiça caso o governo estadual não
reconsidere a medida. “Os pacientes têm enorme dificuldade de locomoção. Um
governo que fala em humanização deveria ter vergonha. Vamos empreender todos os
esforços para reverter essa situação”, prometeu.
Quase todos os usuários moram nas
proximidades do hospital. A senhora Maria José Souza Gomes, amputada como os
demais e há 15 anos vivendo em uma cadeira de rodas, acredita que o governador Tião
Viana, por ser médico, vai rever a portaria. “Ele é humano e gosta de idosos”
Sucateamento e desativação
A unidade de saúde está sendo
sucateada e aos pouco desativada. As instalações foram reduzidas em cerca de
50%, o que comprometeu alguns serviços como a oferta de leitos. O centro
ortopédico, que deveria confeccionar calçados e próteses, está sem material há
oito meses. “A lavandeira está funcionando parcialmente, enquanto a demanda
pelo serviço cresce”, denunciou um servidor, que pediu para não ter o nome
revelado.
Considerado como patrimônio da
cidade, o hospital foi idealizado e construído pela Igreja Católica há cinco
décadas. Os recursos, segundo os ativistas do Morhan, vieram da Alemanha. As
instalações, segundo eles, estão sendo preparadas para acomodar uma nova
unidade, que está sendo chamada de “Hospital de Doenças Tropicais”.
A reportagem tentou falar o
diretor do hospital, Ailson Pinheiro Zumba, mas ele preferiu não se manifestar,
indicando a representante da Sesacre no município, a senhora Kátia Messias,
que, segundo sua assessoria, estava doente. Também tentamos ouvir a assessora
Adriana Evangelista, mas ela não retornou as ligações.
Fonte: Jornal Ac24horas
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