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segunda-feira, 21 de abril de 2014

ACRE PODE TER A MAIOR PESQUISA CIENTÍFICA SOBRE HEPATITE B E DELTA EM TERRAS AMAZÔNICAS


médico acreano Allan poderá ser autor de uma das maiores pesquisas sobre Hepatite B e Delta/Foto: Agência ContilNet
Após a terceira fase da conclusão do mestrado em Medicina Tropical, o médico acreano Allan Hudson Areal, 34 anos, poderá tornar-se o autor de uma das maiores pesquisas científicas sobre a Hepatite B e Delta em terras amazônicas.

Com o título "Estudo clínico epidemiológico e genotipagem da Hepatite B e Delta em Sena Madureira", a pesquisa de Alan Areal para a conclusão do curso de mestrado visa entender por que a Hepatite B e Delta é tão mais agressiva que as hepatites encontradas em outros locais do mundo.
A pesquisa de Areal está sendo realizada em Sena Madureira, 2° município acreano com maior número de pacientes vítimas de hepatites, no estado. Com um grupo de pesquisa formado por aproximadamente 400 pacientes portadores do vírus da Hepatite B e Delta, o trabalho de Areal findará com o encaminhamento de amostras para Salvador e, posteriormente, Alemanha, onde será a realizada a genotipagem dos vírus.
"Será um estudo inovador e que nos trará dados importantes que nos ajudem a entender por que a Hepatite Delta da Amazônia é tão mais agressiva que a hepatite Delta de outros lugares do planeta", declara.
Disposto a entender o porquê da agressividade do vírus que atinge a Amazônia, o médico e pesquisador diz esperar contribuir de alguma forma para a amenização desta mazela que tem feito muitas vítimas em solo acreano.
"É indiscutível que temos um tipo mais agressivo. Temos garotos, adolescentes de 14, 15 anos, que chegam com o fígado destruído pelo vírus. Ele já entra como candidatado ao transplante de fígado", diz.
Aprovado em 2012, após concorrer com candidatos de todo o Brasil, Allan Areal tornou-se um dos sete alunos do curso de mestrado da Universidade de Brasília (UnB). Após a conclusão dos créditos das disciplinas, ele agora está em campo, realizando a pesquisa em questão.
"Tenho a honra de ter como orientador o experiente médico e pesquisador João Barberino Santos e como co-orientador o médico Raymundo Paraná, que há décadas pesquisam sobre o assunto", declara.
O trabalho do médico acreano está sendo realizado em parceria com a Secretaria Estadual de Saúde, laboratório central e Secretaria de Saúde de Sena Madureira.
"O estudo que estamos realizando sobre a genotipagem dos vírus, que é realizado nesses pacientes com hepatite, contribuirá enormemente na melhoria da vida dessas pessoas tão sofridas devido aos efeitos severos decorrentes da ação viral, uma vez que os vírus das hepatites são considerados os principais agentes das formas graves de doença aguda e crônica de fígado", explica.
Natural do município de Sena Madureira, Allan já trabalha na área de infectologia e tem se dedicado a entender melhor a evolução e a causa das hepatites encontradas no Acre.
"Temos uma unidade que serve como referência no município: a unidade de saúde Carlos Afonso", afirma.
 
A Hepatite D, ou Delta, é uma forma de hepatite viral causada pelo vírus da Hepatite D (HDV), que sempre se manifesta na presença de outro tipo de hepatite, a Hepatite B ou o vírus desta.
Hepatite B e Delta em Sena Madureira: as doenças graves e silenciosas e o império do preconceito
Com uma população de cerca de 40 mil habitantes, sendo que deste total 62% vivem na zona urbana, Sena Madureira tem 400 pacientes diagnosticados com hepatites. Para o médico Alan Areal, o que mais espanta neste elevado número é a demora no diagnóstico e a falta de imunização.
"Ainda é baixo o número de pessoas que procuram para serem imunizadas, e isto é assustador diante de um quadro como este", diz.
Ao alto poder de destruição das doenças é somado o preconceito e a timidez que impedem as vítimas de buscar um diagnóstico.
De acordo com Alan Areal, a demora na busca do diagnóstico pode tornar mais difícil o tratamento da doença.
"É inaceitável que o preconceito queira matar mais que a própria doença. Temos que trabalhar para que o preconceito não atrapalhe no diagnóstico de qualquer pessoa enferma. As pessoas precisam se conscientizar de que precisam procurar uma unidade de saúde", declara.
A Organização Mundial Saúde (OMS) estima que o vírus da Hepatite B tenha infectado mais de 350 milhões de pessoas e que aproximadamente 600.000 morrem a cada ano, em consequência da doença.
No Brasil, a prevalência é em torno de 2.6% da população, variando em algumas regiões. No estado do Acre, este número é maior: varia de 3,3% a 5,5%, conforme a localidade.
"Podemos citar a experiência que tivemos numa região do Purus, em Sena Madureira, em 2012, onde, in loco, pudemos constatar que numa busca ativa na localidade rural São
Paulino, 50% dos testes rápidos que realizamos deram positivo para Hepatite B. Naquela ocasião, estiveram presentes as principais autoridades do Brasil e do mundo na área das hepatites. Isso é um exemplo que temos e que só reforça o tamanho do nosso desafio, dos cuidados que devemos ter e, principalmente, da importância que precisa ser dada a uma parcela da população que tanto vem sofrendo com os efeitos decorrentes de uma doença considerada negligenciada em nosso país".
Hepatite B e Delta
A Hepatite D, ou Delta, é uma forma de hepatite viral causada pelo vírus da Hepatite D (HDV), que sempre se manifesta na presença de outro tipo de hepatite, a Hepatite B ou o vírus desta. O HDV é um pequeno vírus de RNA considerado como um vírus sub-satélite porque somente se propaga na presença da Hepatite B. A transmissão da Hepatite D pode ocorrer junto com o vírus da Hepatite B (fala-se em co-infecção) ou, então, por uma simples infecção do vírus da hepatite, mas, apenas em uma pessoa que já foi infectada pelo vírus da Hepatite B. Você deve saber que, como a Hepatite B, a Hepatite D é transmitida através do sangue (mesmo pequenos cortes são suficientes para contaminar) ou através da relação sexual.
A Hepatite D é encontrada em algumas aldeias indígenas da Amazônia, por exemplo, e em alguns estados do Norte e Centro-oeste do Brasil. Nessas regiões, se observa taxas muito elevadas de pessoas com Hepatite B e, às vezes, também com Hepatite D.As complicações da Hepatite D (e B, pois são sempre vistas juntas) são mais graves que uma pessoa infectada somente com Hepatite B.
De fato, a Hepatite D acelera o surgimento dos sintomas da Hepatite B, o que provoca mais rapidamente os sintomas prejudiciais ao fígado, como a cirrose e a insuficiência hepática. Em algumas aldeias da Amazônia, não é raro ver crianças de 13 anos com Hepatite D (e também com Hepatite B), apresentando sintomas avançados de cirrose do fígado. A Hepatite D registra a maior taxa de mortalidade: aproximadamente 20%.
 Fonte: Contilnet

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